Saturday, December 19, 2009

so tight.


Pânico. Meu grito agudo ecoando pelas paredes e voltando aos meus ouvidos. Medo. Nada mais que medo. Um pesadelo horrível. Terrivelmente obscuro esse pesadelo meu. E agora ele me assombrava. O pior pesadelo.
Agora o suor escorre pela lateral da minha cabeça em chamas. Não consigo parar para raciocinar.  Começo agora a me acalmar. Calma. Lembro de que preciso respirar. Encho os pulmões e eles parecem queimar quando eu faço isso. Agora solto o ar ofegante. Penso no que fazer. Mas meu corpo não reponde aos comandos.
No pesadelo, você aparecia tão mágica e belamente. Foi típico de você. Aparecer mesmo no meu pior pesadelo quando você é o meu maior sonho. Bom, você estava andando tão calmamente e o vento soprava para mexer de leve em seus cabelos e espalhar o seu cheiro até trazê-lo para que eu pudesse senti-lo. Você me abraçou tão calorosa e cautelosamente. Tive medo. Parecia adeus. Não queria dizer adeus a ti, e te segurei por mais breves momentos. Parecia uma eternidade o que deveria ter durado apenas alguns minutos.
Você parecia querer dizer algo a mim. Eu ansiava por isso. Queria a verdade mais do que nunca.  Você abriu a boca para começar a falar, desgrudando um lábio do outro. Você hesitou. Expirou. Puxou o ar novamente. E agora eu acreditava que você iria falar só pela careta que fez quando olhou direto nos meus olhos, fazendo uma lágrima minha despencar. Nossa! Eu estava chorando? Por quê? Eu devia tê-la segurado. Deixei ela escorrer em minha face.
Sua voz agora ecoava dizendo: “Eu..” Hesitou  novamente. Entrei em transe. Não podia ser. O suor saia frio. “Eu não te amo mais.”
Eu não queria explicações, não queria acordar. Será que realmente ele não me amava mais? Porque agora eu o amava insanamente. Nunca fui boa o bastante. Nunca tive paciência demais, nunca tive o rosto bonito demais, nunca foi inteligente ou sagaz demais. Nunca fui o suficiente.
Agora então meu coração estava destruído, minha alma completamente desolada e minhas lágrimas corriam. E ele parecia machucado por olhar-me desse jeito. Mas eu não caí na sua armadilha. Ele provocara isso. Certamente não sentia remorso. Agora ele andava lentamente em minha direção. Abraçava-me fortemente de novo. Deixava com que as minhas lágrimas secassem em sua pele. Eu o afastei. Ele hesitou, novamente. Foi para trás com passos indiscretos. Afastando-se quase imperceptível, mas seus olhos penetrantes nos meus. Agora ele virou de costas para mim. Eu queria alcançá-lo. Eu corria. Minha respiração ofegante. Ar. Preciso lembrar da necessidade dele. Não posso esquecer. Corra. Mais rápido. Meu coração não para. Não hesita. Ele persegue.
Você parece mover-se com movimentos tão sutis, simples. Imperceptíveis aos meus olhos, mas concretos para o meu coração que sente você afastar-se. Agora corro o mais rápido possível. Deixando a brisa acariciar meus cabelos e minha face, jogando as lágrimas para longe. Eu não conseguia te alcançar. Minhas pernas cambaleavam. Meus pensamentos me traiam. Eu queria você comigo. Que queria que você estivesse a milhões de metros distante. Eu queria consolo. E então acordei.
Não tenho certeza se foi um sonho, apesar dos pesares. Só sei que foi o meu pior e mais assustador pesadelo. A hipótese levantada de eu perder você inevitavelmente me assustou.
Acho que você não tem idéia na repercução que você tem em mim. Acho que eu não tenho nem perspectiva de quanto a sua falta repercute em mim.
Não tenho idéia do que você pensa agora, não tenho idéia do que você está odiando, amando ou até lendo ou escutando. Eu apenas sei que eu o estou odiando, amando ou até lendo ou escutando agora. Meu coração parece pesado demais agora, de mágoa e remorso. Eu olho pra frente e meus olhos são espelhos refletindo esse meu medo, essa angústia.
Você é o meu maior ódio, meu maior e mais completo livro, a mais profunda e melódica de todas as músicas, a minha maior angústia. E assim sendo, o meu maior amor. Meu pior pesadelo, meu maior sonho. Você diz que me ama. Prefiro acreditar que isso seja verdade.

Tuesday, December 8, 2009

as far as you think.


"Mas o que o observador realmente repara são seus olhos.Tudo aponta para seus olhos: seus olhos cegos de um azul profundo que, de alguma forma, conseguem brilhar tão intensamente, com tanta... energia neles, reservas inesgotáveis de sabedoria e tristeza. Não é um milagre que ela tenha conseguido captar isso tudo – o espírito de uma pessoa, torná-lo aparente, perene e imutável, usando nada mais do que uma mistura de pigmentos e óleos vegetais? Acho admirável o que os artistas conseguem fazer."


Monday, December 7, 2009

Saturday, December 5, 2009

disturbia.

Lágrimas. Sonhos. Segredos. Baús. Profundezas. Perigo. Circo. Dormir. Proibido. Avós. Cinema. Novidade. Hospital. Surpresa. Livros. Músicas. Risadas. Crises. Coração quebrado. Consertar. Chinelo. Noite. Estréia. Celular. Tênis. Compartilhar. Piscina. Cansaço. Dança. Fotos. Compromisso. Sinceridade. Pessoas. Desconhecido. Esperança.
_____________________________________
aleatóriamente, minha cabeça é ainda pior pra entender.

antônimos.

Não gosto de excesso de altura, nem de mais de menos. Não gosto de loiros, não gosto de morenos. Não quero olhos claros e nem cogito que sejam escuros. Não quero gordos, magros. Não quero fortes, desprezo fracos. Não quero estrangeiros e nem penso em regionais. Não quero alguém que não seja capaz de entender o que eu não quero. Não quero alguém que fique mal-humorado quando eu estou de mau-humor.  Não quero a minha opinião colocada em pauta, ou a minha voz áspera em questão. Não quero você. Não quero alguém que goste de me insultar. Não quero o que me fará sair machucada dessa história chamada vida. Não quero pessimistas, não quero otimistas. Odeio efusivos. Não quero alguém que viva sorrindo, não quero alguém que viva amargo. Nem chego a cogitar em ter alguém que não tenha bom gosto musical. Não quero alguém que não saiba tocar um instrumento. Não quero alguém que se magoe facilmente, mas também não quero magoar alguém facilmente. Necessito evitar.

Quero alguém que saiba acompanhar-me no meu caminho, no caminho que eu sigo. Quero alguém forte, sempre disposta a lutar ao meu lado. Quero alguém que entenda que a voz é um dos instrumentos mais fortes do qual dispomos. Quero alguém de opinião forte, que discuta comigo, e diga que eu não estou sempre certa. Quero o meu errado, o errado sempre ao meu lado. Quero que o certo se afaste, vá embora, nunca mais ouse pisar nesse chão que agora encontra-se sob meu teto. Não quero mais ouvir falar do certo. Eu só quero o meu certo. O meu errado.O errado que, relativamente, é o mais certo pra mim. Eu não quero o meu errado, quero o meu certo. O meu certo. Necessito do errado, o meu errado, o errado feito certamente para mim.
O errado que nego, que não gosto, que desprezo. Será esse o que há de mais certo ou de mais errado? E esse errado ou certo, não serão ambos errados? Ambos não serão os antônimos? Não quero o meu errado, eu preciso dele, é a minha prioridade, minha necessidade. Eu quero o meu certo, quero ter pelo menos algo certo em minha vida. Mas para que a minha vida seja certa e o meu amor seja completo, preciso do meu errado. Meu errado é certo para mim, é a necessidade, é a conclusão. É o que há de mais completo, é o que me completa.

Thursday, December 3, 2009

trilha sonora.

Palavras cantadas, sussuradas, berradas, declamadas. Poesias transformadas, transcrevidas, mudadas. Pensamentos usados, jogados fora, mudados conforme o contexto. Não fui eu a autora, não fui eu quem arquitetou. Não é minha a culpa de escrever esses versos categoricamente impressionantes e brilhantemente lindos, incrivelmente poéticos. Gostaria de ser a culpada por fazer alguém se sentir melhor com esses versos. Mas não sou. Enquanto isso apenas ouço-os com esperança, ouvindo cada mágica palavra, cada simples verso, que forma já um mágico conjunto, uma estrofe. Um conjunto de palavras misturadas. Uma mistura certa. Uma formação, que saiu da sua imaginação e fará com que eu e poucas pessoas mais sintam-se, de certa formas, compensadas, agora, pela falta de compreensão dada pelo mundo. Essa música lhe confortará, lhe dará essa compreensão. Em troca, a música e seus versos cuidadosamente contruídos, também serão compreendidos.
Será que ninguém compreende a repercução disso em mim, na minha vida? Palavras que posso reconhecer ou posso acreditar terem sido redigidas para mim, isso mudará algo. Perguntaram  a mim o que uma música pode mudar na vida de alguém. Eu pensei, repensei e agora digo, certa, absolutamente certa de que é relativo. Certa de que isso não poderei nunca responder por ninguém. Só posso responder pelos meus atos, e pelos de ninguém mais. E, sabe, uma música ensinou isso a mim. Pela janela do quarto, enquadrado, enquadrando meus mais vagos e meros pensamentos, eu agora vejo tudo o que a música fez a mim, por mim. Eu devo muito à música. A música que me tirou um problema das costas fazendo com que eu o resolvesse, a música que fez com que eu repensasse os meus atos mais do que o suficiente de vezes para eu ver que estava errada; a música que abriu meus olhos, meus caminhos e declarou esperança, várias vezes. A música que trilhou meu caminho mesmo eu tendo meus poucos dias de vida, a música que me deu experiência; a música que fez com que eu visse o que era certo e errado, fez com que eu declamasse as minhas palavras mais facilmente. A música de minha vida, cantalorando em meus ouvidos, sempre na minha trilha sonora. A música que renevou meus caminhos e esperanças. A música que sempre esteve ao meu lado. Espero poder assim, para sempre ficar. Com música aos ouvidos, sol na face, vento no corpo e um livro nas mãos.

só vê a dor.


Já tentei fazer com que você voltasse.
Também já tentei sozinho encontrar a solução
pra acabar com essa dor que hoje assola o meu coração.

Já tentei fazer com que você parasse
de brincar com o meu sentimento e me ouvisse então,
por um momento pra eu tentar te convencer que nada foi em vão.
Nada foi em vão.

Tenho medo que pra ti eu seja apenas mais um que te quer,
e você vai me ouvir no rádio e achar que é uma música qualquer.
Preste atenção,

Em cada verso só pra ti que eu vou cantar,
cada palavra que eu expresso visando te agradar,
não é o bastante pra tu perceber o quão grande é o meu
amor.
E a minha dor.

Já tentei de tudo pra você voltar,
Já tentei ser mais feliz só pra fazer você chorar.
Não vejo resultados, só meu coração que vê a dor.

Não há nada que eu possa fazer
pra ter você de volta pra mim.
E eu sento e tento ao menos entender
 o que eu fiz de tão ruim
Mas eu não sei, eu não sei.


Onde está todo amor que eu te dei?
Foi pra onde que eu não sei.
Só tristeza e solidão.

Vão ficar marcadas no coração,
Nisso eu te dou razão
É impossível viver só
Sorrindo.
______________________________________________________________________________
Onde Está, do Fresno. Mminha música/refúgio nos piores momentos.

up high

Give me that line again,
He's not coming home again tonight.
Momma, wipe those tears from your cheeks,
It don't make no difference now.
Remind me one last time that you won't ever go.
The whales can't swim without the tide ,
And birds won't fly without the stars in the sky.

I can't feel without your touch
I can't dream without your smile
I can't live without your love

Oh Momma!

I cannot fall without your hand
I can't cry without your arms
I can't live without your love

Oh, Momma

Give me that song again,
Hold me closer than
You ever did before.
When I've given all I'll give you more
We'll keep on floating to the shore.
You can take a storm and turn it all around ,
And then the sun shines through
Oh, the story of your life
We have all been designed
But you're as real on the outside,
Momma.

See when it all comes back around,
And he still can't figure out
How he let you get away.
You just keep your head up high
And know it's better off that way.


____________________________________________________________________

Oh Momma, de Justin Nozuka. It's for you, mom. It's about what I never had the chance to say to you. If I ever had, I would say this.
And the picture says everything, doesn't it?

Tuesday, December 1, 2009

base de tudo.


Começou em um escuro pertubador, assustador, que parecia duradouro demais para os minutos que demoravam a passar. Foi quando as luzes acenderam que voltou a alegria, a empolgação, a espera. Perdemos a primeira apresentação. Fomos rezar para que dessa tudo certo. O momento não pode ser explicado. A força e a confiança que eram colocadas em nossos ombros a cada palavra dita era um incentivo, um motivo a mais para darmos tudo o que temos em cima daquele palco. Quebrá-lo, se fosse preciso. Relaxamos e nos concentramos, pensando cada vez mais no momento especial que era aquele estréia. Confiamos um nos outros para fazer cada um a sua parte, para que assim o grupo fosse completo e unido. Tensão. Chegou a hora de pararmos e descermos. As escadas agora pareciam nos assombrar e soprar o medo em nossos ouvidos, dizendo-nos coisas absurdas. Mas não, nada disso poderia sequer nos abalar. Estávamos certos de fazer aquilo certo, de um jeito único, do nosso jeito.
Era a hora, já estavam nos apresentando. Por entre duas cochias eu passava com meu
coração desesperadamente acelerado, querendo pular para fora de meu corpo.
Eu me concentrei em fazer certo, direito. Agora que eu pisara naquele palco, nada mais me faria sair dele. Agora eu prometera a mim mesma que daria tudo certo. Agora o medo desaparecera, fazendo com que eu relaxasse. Agora a música soava para todos ouvirem. Em minha cabeça agora eu me concentrava em fazer uma coisa apenas, em dançar. Dancei com vontade, com o coração, querendo ganhar o prêmio que não existia. Ser melhor do que qualquer um e deixar a nossa consciência limpa, era isso o que eu desejava, o que eu precisava. Não queria mérito para mim, e sim para o meu grupo que não cansa de ser um jóia preciosa para mim.
Sai e apenas senti os meus olhos quentes e cheios de lágrimas, pronto para deixá-las cair. Ao ver todos foi o necessário para os meus olhos as expulsarem, fazendo com que elas caíssem sem parar. Tudo valeu a pena. Tudo o que foi dado, agora fora recebido de volta. Tudo valeu naquele momento em que vi todos satisfeitos e chorando. Não me importava se era alegria ou a tristeza de ser a última estréia de alguns. Eu não me importava. O que me importava era apenas tê-los ao meu lado, dançando e sendo as pessoas que eu amo. Agora tudo o que eu queria fazer era sentar-me e olhar dentro de dois olhos marrons, mas que devido às lágrimas estavam verdes, e dizer que nada podia ter sido melhor e que essa nossa última estréia foi mais do que importante, foi memorável, pelo simples fato de eu estar ao seu lado. Agora uma palavra parecia estar sendo escrita em minha consciência: saudade. E eu sabia que eu já estava pronta para começar a senti-la.