Saturday, September 22, 2012

"Eu vim
Vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim."

A Paz, Gilberto Gil.

Onde o fim de tarde é lilás

Não há ninguém que vá entender, às vezes. Há tanto passando pela cabeça, e nada ao mesmo tempo. Um eco intermitente e que insiste em rodear os ouvidos.. Sinto-me um pouco como um fantasma, que apenas vaga por entre pessoas, passa por entre lugares. Sem sentir, sem falar, sem pensar, apenas observando aqueles que estão vivendo por ali. Sinto-me vazia.. Uma hipérbole do nada. Como se houvesse uma enorme caixa dentro de mim e nela houvesse um ponto de interrogação do tamanho de Júpiter. Perguntam-me over and over again o que aconteceu.. "Nada..". E os minutos passam como anos, e as horas como décadas, e tudo o que eu realmente quero é o silêncio a preencher o meu quarto. Ficar sem barulho, sem pessoas, sem exageros e sem atitudes efusivas, sem contatos..
Não espero que o telefone toque, que a música alegre, que batam na porta, que a campainha toque ou sequer que qualquer alguém se importe ou queira me abraçar. Não peço por telefonemas, ou livros bons com trechos que arrepiem até a alma, não peço belas músicas a tocar, não peço nada além de um momento somente meu. De ter uma escrivaninha cheia de cadernos e textos riscados, mal-acabados ou refeitos; desenhos espalhados, copos de água e meu óculos de grau. No criado mudo ainda mais água em copos e garrafas de meio litro, xícaras de café, um livro qualquer e alguns pratos empilhados de dias que não deixo o único lugar que posso chamar de meu, e ao qual eu pertenço. Posso dizer o que quiser sem ter ninguém a me ouvir e escrever o que se passa em pensamentos aleatórios sem ninguém querer ler o que diz meu caderno. Alguns chamam isso de solidão, eu chamo de paz. E quando estou nos meus momentos não peço nada além da minha paz.