Tuesday, January 22, 2013

Janeiro: Parte II.

Música boa, banco da carona, sol do meio-dia. Porta-malas cheio, óculos de sol, uma conversa boa. Pai e filha, estrada, um belo dia. Setecentos metros, saudades, caminho conhecido. Sinaleiras, ar abafado, morro íngreme. Barulho do portão, vaga do carro, pulos de saudade do cão. Casa iluminada, quarto cheirando a lavanda, varanda avistando acolá. Caneca de café, arrumar os armários, tirar o obsoleto. Vestido branco, perfume doce, varal de fotografias. Roupa suja, roupa limpa, mala vazia. Árvores de jasmin, um calendário aberto no meio do mês e uma saudade. Já diria minha avó: não há nenhum lugar como a nossa casa...

Monday, January 14, 2013

Janeiro: Parte I

Paz, brindes, fogos de artifício. Cheiro de maresia, pele brilhando, areia no sapato. Anoitecer tardio, brisa fria, sabor salgado. Pés descalços, sol da manhã, chuva às oito horas. Gente nova, salões de festa, madrugadas a fio. Sorrisos simpáticos, olhares gritantes, hálito fresco. Cabelo ondulado, saia soltinha, sardinhas na bochecha. Jogos de taco, risadas altas, novas amizades. Livros novos, músicas calmas, vista da janela da sala. Biquíni de bolinha, óculos de sol, rabo-de-cavalo. Água de coco, milho verde, andar solitária. Correr às oito e meia, banhos gelados, pele bronzeada. Câmeras analógicas, cerveja gelada no bar, pôr-do-sol.

Friday, January 11, 2013

dois mil e treze

Mais paz, mais compaixão, mais compreensão. Mais felicidade, mais candura, mais sensibilidade. Mais humanidade. Mais pé no chão, mais certeza e criatividade. Mais sonhos, mais fé, mais esperança. Mais autenticidade, menos cópia. Menos gente querendo viver a vida alheia, mais gente querendo andar seu próprio caminho. Mais sinceridade, mais originalidade. Mais beleza interior, menos beleza exterior. Mais sorrisos. Mais ser, menos ter. Mais cativar, amar, sonhar. Mais olho no olho, menos distância. Mais gente verdadeira. E que venham mais 365 dias...

Wednesday, January 9, 2013

Uma pequena resposta do mês de dezembro

Sim, eu estava lá e me apresentei ontem. Engraçado é que, mesmo não acreditando em coincidências, elas insistem em aparecer na minha vida assim, out of the bloom. Houve dois dias de recital, e foi exatamente ontem o dia em que eu me apresentei. Lembro exatamente de você, no ano anterior, ali sentado naquela cadeira vermelha meio velha do teatro e sorrindo com minha cara de surpresa, meio que dizendo com o olhar "é, sou eu mesmo, estou aqui e eu vim te ver". E não posso dizer como procurei esse olhar ontem. Lá de cima do palco, com um violão nos braços e um microfone na minha frente, eu procurava rostos. Dezenas de faces com seus olhos vidrados em mim e no que eu estava fazendo. Senti calma, paz, serenidade. Senti todo o nervosismo - a garganta seca, a voz trêmula, as mãos suando - se esvaindo de mim, tudo o que angustiava o peito a ponto de achar que fosse sucumbir à hora h, tudo desaparecera assim que eu sentei naquela banqueta, ali, sob o foco de luz branca. Tanta gente observando cada gesto, cada suspiro e movimento meu. E eu procurava faces.. Mesmo assim. Eu procurei seu rosto naquelas dezenas de outros rostos, e não achei. Mas eu estava ali, sim.