Tuesday, December 21, 2010

ano novo

Olho para a esquerda, são 20 dias.
Olho para a direita, são mais 20 dias.
Uma volta no parque, são 90 dias.
Caminhar à beira-mar e lá se vão 70 dias.
Leio um livro e são mais 40 dias.
O ano criou asas e aprendeu como voar; é levado tão rápido como a brisa polar.
E agora, olho para o hoje, e faltam 10.
Pisco os olhos, e.
Fim.

Saturday, December 18, 2010

If you could read my mind you'd be in tears.

I wish I could say no regrets and no emotional debts,
'Cause as we kissed goodbye the sun sets.
So we are history, your shadow covers me.
The sky above a blaze that only lovers see.


He walks away,
The sun goes down,
He takes the day but I'm grown.
And in your way,
In this blue shade
My tears dry on their own.

Tears Dry On Their Own, Amy Winehouse.

(Sem comentários sobre essa música.)

mocidade

Eu aflito e só, confuso e sem você por aqui.
Assim eu sonhei, mas isso eu não quis.
Que diferença? o dia se fez assim.
Há um conflito, um nó,
Eu difuso enfim.
Os pássaros vêm me levar aí,
visitar o céu,
E pra ver você levantando o véu
Pra mim.
Mas eles só me vêem quando eu já não sei
se eu estou são,
O que é um sonho ruim,
E o que é um sonho bom.
Que diferença? A vida é igual,
assim e eu não sei,
Eu não sei..
Não sei.
 
Os Pássaros, Los Hermanos.

além-mar

   O sol da manhã ilumina quase que denunciando a ausência clara do bem querer, o vazio do quarto. A luz atravessa as cortinas brancas e reflete o dia nas paredes. Dia de céu claro, de suave transparência.
   Uma cama com lençóis brancos amassados. E a paz no rosto da menina a dormir em um sonho bom.
   A amanhã encontra os seus olhos. Em um leve despertar uma essência doce, forte. Flor, onde está você? Os olhos levemente amanhecidos encontram a rosa no criado-mudo. Se recosta na parede, prende o cabelo e pega a flor. Sente o veludo das suas pétalas.
   Tinha cheiro de sonho mal-sonhado, de meia-palavra, de coisa sem por quê
   As palavras de um bilhete feito às pressas com letra mal-desenhada, também eram o bom dia que ele deixara para trás.
   Ela poderia pensar que foi tudo sonho, que seus olhos não faziam jus ao que vieram a ler. Porém eles próprios lamentavam sua certeza. Sem céu claro nem o sol enxerga. Era uma ironia nenhuma nuvem tratar de aparecer.
   Ela poderia fechar os olhos em uma tentativa frustrada de adormecer a dor.
   Preferiu se dissipar daquele perfume. A rua parecia um lugar tão mais verdadeiro. Era real. Ali, ela poderia esquecer por um momento aquela despedida mal-dada.
   Passear, carregando o seu triste caminhar pelas esquinas de bar. Seu encanto estava ofuscado pelo brilho da lua, fora levado pela brisa para além-mar.
   O vazio aumentou. Era vasta a vontade de sair daquelas ruas, que acompanhavam seu pensar.
   Foi mais um adeus. E a beira-mar o seu refúgio inevitável. Era onde seus olhos imploravam para o horizonte lhe trazer de volta o que por ele passara. Por ele passara o coração que ela havia dado àquele, porém agora, seu coração estava em fragalhos.
   O raiar da esperança nos olhos da menina fora para longe, com o rascunho de despedida e com a pétala da flor.
   Os seus olhos nem choram mais.. Só levam a saudade em sua profundeza, em seu brilho agora triste. Em seu horizonte azul, as estrelas cadentes eram tão reais como o seu.. sonhar.

Thursday, December 16, 2010

cor

São de tanta grandeza os pequenos momentos do meu dia, que às vezes penso que os grandes momentos da vida são, na verdade, os menores.
São realmente tão importantes, imponentes e incontestáveis os momentos que pensamos assim ser?
Pois o dia em que se vê pela primeira vez o gargalhar e o brotar do sorriso de uma criança; o dia em que se aprende a pedalar uma bicicleta, e se cai com ela incontáveis vezes; o dia em que se apaixona pela primeira vez; o dia em que se chora de saudade pelo que passou; quando você se encontra procurando um único rosto dentrode uma multidão; o dia em que se descobre o mundo real.. tudo tão pequenino, tão sólido, certo e real. Os pequenos momentos que, aos poucos, com o tempo tornam-se pequenas memórias.
É dessas pequenas memórias que se sente aquele aperto no peito, agudo e incessável, a garganta é enrolada em um nó de lágrimas. É saudade.
São os pequenos momentos que a memória insiste em lembrar e o tempo em não trazer de volta. São eles o real motivo da lembrança. Os pequenos são os de maior grandeza: de maior alegria, os mais intensos, e os que mais se sente falta.

Wednesday, December 8, 2010

all I wanna do is dance like there's no tomorrow

O que vocês são é muito mais do que pensam. E nós podemos muito mais do que pensamos. Dançar não é somente dançar.
Não é somente uma pauta diferente, uma explosão, uma cremalheira ou um canon. É saber quem está ao seu lado naquele exato instante, é fazer o certo e orgulhar quem está se sacrificando ali, com você, junto a você. É dançar olhando no olho de alguém desconhecido, sob a luz do sol. É estar sob os holofotes, sendo um grupo que ninguém nunca antes vira e impressionar. É estreiar. É ter medo do que vem pela frente, é não ter certeza de nada. É o frio na barriga. É esperar com os nervos à flor da pele na cochia. É querer que aquela noite seja somente de vocês, por aqueles pequenos instantes. É superar.
É aprender que o erro é possível. É saber que nunca há uma segunda chance.
É saber fazer as mudanças necessárias, e mudar juntamente com elas. É adaptar-se ao novo. É sair de uma pauta a outra, é mudar junto com quem está mudando. Atravessar o palco em segundos, se necessário. É entender a intenção, o por quê.
Saber que primeiro, segundo, terceiro, quinto e décimo sétimo realmente não importam. O que importa é tê-los ali, superando os obstáculos, os nossos medos e sinas e, principalmente, superando a nós mesmos. O que importa é fazer um espetáculo, impressionando não somente olhos leigos, mas os de sabedoria também.
Expressar o sentimento, levantar a cabeça e dançar. Soltar o corpo, fazer forte, e acima de tudo, fazer bonito.
Saber ouvir, a música e os ensinamentos. Saber aprender, as lições de quem já passou por mais do que nós. Saber abaixar a cabeça fora do palco.
É passar o dia à espera de algo, sem fazer nada. É rir até não cair no chão. É chorar, se emocionar e se doar por quem é tão especial para a nossa vida.
E foram vocês que colocaram em mim essa alma de dançarina. Entretanto, para mim, o dançar se tornou muito mais do que simplesmente o ato. Dançar é uma forma de vida, é um dom.
Foi a dança que trouxe vocês todos para perto de mim, e por mais que eu saiba que perto nem todos mais estão ou podem estar, sei também que permanecerão dentro do meu coração até quando a memória dele vier a falhar.
Obrigada pela alegria que é estar com vocês em todos os dias em que estamos juntos. E incondicionalmente do que possa vir a acontecer, eu não conseguiria não falar tudo isso para vocês. 
Vocês são a grande família que carrego comigo, e meu amor por vocês é inquestionável e duradouro, acreditem. Espero cada vez mais, construir mais memórias junto a vocês.
A luz do nosso holofote estará ligada sempre que preciso.
E o palco é de todos nós. E é nesse mesmo palco o lugar onde pertencemos.
E tudo o que eu quero fazer é dançar como se não houvesse amanhã.




“Eu não saberia responder o que o espírito de um filósofo pôde desejar a mais do que ser um bom dançarino.”
Nietzsche

Thursday, December 2, 2010

how much it hurts

I fell for your lie once. Twice. 
If I only could not have to feel your presence every single day of the week. If I could only not smell that gentle perfum of yours, not look inside of your eyes, your brown eyes where I lost my mind. In your brown eyes I walked away. 
And never again I will have faith in you, in your words, in your heart. Because you are nothing but a lie, you are nothing but a mistake in my life. You are nothing more than another one who could only lie.
Above all, it hurts the same. The line between my love and contempt for you, I must say, is tiny. Hurts my chest to know there's nothing I can do but wish you well. I can't understand it, I never will.
If I could get away from the past, if I could pretend it was all only a bad dream. To wake up in the morning and hold you near me. That's all I wish I'd do.
I wish you knew how much it hurts. To be blinded by a pure feeling and stabbed by itself as well. I wish you  get mistaken about someone you had faith in. I wish you have your heart broken.. To know truly how much it hurts. I wish you'd drowned inside of your own lie.
As for me.. I am only in the beginning of one more chapter. 
Tough letting you go has never been so hard.. in your brown eyes I must not, I cannot stay.  

Sunday, November 28, 2010

de hoje

She said "I can't get laid in this town without these pointy fucking shoes.
My feet are so black and blue and so are you."
Please take me out of my body, up through the palm trees.
To smell California in sweet hypocrisy.
Floating my senses surround my body.
I wake my nose to smell that ocean burn.

Woe, Say Anything.

Wednesday, November 10, 2010

oratória


Senhora Presidente,
Demais membros da mesa,
Senhora Professora,
Colegas, 
Bom dia.
Palavra Incerta
Escrever é uma maldição. Se você for escolhido, a escrita passa a ser uma sina e  lhe acompanha durante toda a vida. Entretanto, escrever salva.
Não falo de escrever para jornais. Falo em escrever aquilo que pode tornar-se um romance, um conto de fadas. Falo em escrever como humano, dá forma mais idealizada e  ingênua que pode haver.
Escrever é um vício penoso do qual não se pode escapar, se amaldiçoado por tal dom. As palavras são a sua matéria-prima. As mãos são os seus pincéis. O pensar é seu maior desafio.
Escrever é muito mais do que um trabalho para a escola. É necessário saber escrever, argumentar, teimar. É necessário aprender. 
A escrita salva a rotina do tédio, adjetivos da mera, simples descrição, a vida do ócio. Salva a alma presa, o medo de falar. As palavras não permitem que a memória falhe. Uma vez que você pronuncia uma palavra, não há mais a possibilidade de retira-la, por mais vontade que você tenha. E a palavra escrita, mesmo que com lápis, é indelével.
Não há ninguém nos dias de hoje que viva sem a gramática. Ela está presente em cada instante da vida de todos nós. Não tente entender, não é possível. Acredite, pois eu já tanto tentei entender o sentido da Língua Portuguesa e falhei. Ela apenas está lá, e sem sabermos, nos domina. Há a necessidade de saber falar, dialogar e ser civilizado, não apenas quando se quer. 
Escreva, escreva, escreva. Tudo o que você vir a escrever será bom. Não tema nem venha a repelir as idéias que circulam sua mente. Escreva parágrafos sem sentido e não se arrependa deles. Mostre-os a alguém. Tenha um caderno de rascunhos, encontre lá seu refúgio inevitável. Esvaia-se no seu pequeno mundo por alguns momentos, sonhe e fique horas a fio olhando para as constelações sem por quê. Sonhe e pense, passe tudo para o papel. Construa o alicerce da sua certeza.
Mostre seus textos para alguém. Escreva um poema por alguém. Faça uma dedicatória, uma dissertação, uma crônica. Pratique sempre o melhor de você.
Escrever é encontrar o irreproduzível e produzi-lo, é procurar entender, é compreender o sentido do último fio de sentimento. Escrever é ser o melhor de você.
A escrita requer detalhes vagos e sutis. Portanto há também quem, ao contrário de mim, não acredite no poder dos adjetivos. 
Escreva porque é importante saber escrever. Escreva para aprender a escrever. Não para passar de ano na escola, não para ser promovido, e sim para a sua vida. A Língua Portuguesa é quem está conosco no nosso viver, não há como evita-la. Não tente evita-la.
Fique fascinado com a incerteza e coloque toda a sua paixão nas entrelinhas. Escreva sem porquê. Tenha um mundo de rascunhos.
Eu fico à mercê daquela vontade única de ter que escrever. A inspiração que abandona todos os paradoxos e aparece sem avisar. A incerteza é o seu maior triunfo, sua maior beleza.
Sobre escrever pode-se dizer inúmeras coisas, porém apenas algumas pode-se ter certeza: primeiramente, se não se escreve por paixão, de nada adianta entrar nesse mundo, porque essa falta de inspiração consumirá todo o seu pensar. Segundo, a imaginação e a espontaneidade são o alicerce da escrita. Terceiro, escreva.
A palavra é o meu domínio sobre o mundo.” Clarice Lispector.
Obrigada.

Sunday, November 7, 2010

ontem

Há muitas pessoas. Elas estão por todos os lados. À sua frente, atrás de você, ao seu lado.
As luzes, muito fortes, fecham seus olhos. Impedem você de ver o que há além das pessoas. Então você ouve aquela voz que a deixa protegida de tudo. Aquela voz que não deixa você esquecer. Então, a voz ecoa pelos seus ouvidos e atrás de você ele não está.
Você o procura angustiada com o acelerar das batidas do seu coração.
Ali ele está. Apenas a companhia dele, a sua presença já lhe deixa um sorriso inabalável no rosto. Lhe cora as maçãs do rosto como nunca antes.
Seus olhos o perdem,  carnaval de luzes o afasta. E por meio dos casais que giram, você gira também. Gira sozinha. Rodopia e copia o rumo do andar da valsa. Você é levada pelas mãos que acariciam seu sonhar todas as noites, antes que o sonho lhe embale. Então lá você está, novamente sem um par.
Exausta sem o colo em que deita e descansa. Sem o dono do seu aflito e manso coração. Então você cai naqueles braços que levam o frio de você e então você está.. bem. Naqueles braços está o seu ponto de paz, o melhor colo, sua maior paixão. Seu melhor final. O seu melhor. O melhor de você.
Você sente o perfume mais suave do que quando ele havia chegado.. Mas da mesma forma a sua essência era a mais agradável de todas as que haviam no salão.
Você se perdia nos seus olhos. Havia neles uma profundidade inalcansável.. E você poderia ficar durante uma eternidade só a olhar a imensidão que abriga a esperança que era tão real.
E então as luzes acabam por acender e não há ninguém no salão. E tudo o que você queria era uma memória. E aquela voz a dizer boa noite.

encanto

I still have these memories,
But we'll never see what we could have been.
Remember when we talked about where we'd be a year from now?
Remember when you held my hand like you'd never let it go?
Remember, cause that's all you can do.
We'll never make another memory.
I wish I'd have died in your arms the last time we were together,
so I wouldn't have to wake without you today.
This time I thought things were real.
You said they were, what happened?
You were a priority, was I an option?
I let you see a side of me that I don't share with anyone.
Promises are just words unless they are fulfilled.
you knew from the beginning all I had to offer you was my heart,
I'm sorry that wasn't enough.
So, we'll go our own ways,
And hopefully you'll remember the things I've told you,
hopefully you'll understand that everything I said was in sincerity.
A broken heart is not what I wanted from this,
but I guess I've learned from it.
But aren't you supposed to learn from your mistakes?
I don't consider this a mistake,
I just wish the story didn't end this way,
Cause I'm still in love with the person who helped me write it.
Remember when you held my hand like you'd never let it go?
Remember when we talked about where we'd be a year from now?



A Year From Now, Across Five Aprils.

thinking 'bout us

There's a place I'd like to go somewhere out west,
it's not specific, and the pictures show it best.
I know there's trees I know there's sand and I know there's grass,
I know it's somewhere in the past.
There's a girl out there who's lookin' for it too,
she's not sure when she'll go or exactly what she'll do.
If I am doomed am I the first on or the last?
Am I just someone from the past?
No one has to hear, the sound of people laughing at their fear, and the ocean and sun are always there, to make you happy if you're feeling scared of the darkness.


Love Always Remains, MGMT.



Wednesday, November 3, 2010

Madrugada de sexta feira
A noite passa pesada
Contrasta com o sono dos que dormem juntos
Dos que têm a alma acalentada
Pelo sono único
Que é tudo
E é nada.

O meu sono se perdeu
De novo
Nas ilusões insanas
De uma vida a dois
Procurada pelas ruas
Na bebida
E em mais depois

Alguém diria, talvez
Que essa busca é inútil
Que o sentido - e qual ele é?
Tem o mesmo desfecho de sempre
Se alimenta de boa fé
Mas acaba só
E decadente

Nisso se unem os poetas
Na mesma vaga impressão
De que há algum sentido
Que talvez haja uma resposta
Na companhia preguiçosa
De quem dorme ao lado
Mesmo sem ser conhecido


Quantas noites mais
E por quanto tempo, ainda
Aprenderei a ser ninado
Embalado por mim mesmo?

O Ninar, Rafael Cortez.

my thoughts tend to sound better in books I didn't write, and in songs I didn't sing. even then, sometimes there is no piece of literature, no song, no work of art that can really explain the way I feel.

o sonhar

Seja mais humano. Não seja apenas. Aja como um. Escreva como um humano. Deixe para lá esse conceito ultrapassado de que ser realista é ser correto. Sonhe. Não permita que seus sonhos sejam tirados das suas noites. Escreva sobre o seu sonhar e nesse meio tempo deixe o sonho lhe levar até onde fim não há. 
Sonhe colorido. Eu sonho apenas em preto e branco.
Busque respostas sempre e perca-se nas milhões de hipóteses.  Passe a ficar fascinado com a incerteza.
Escreva sobre o que você acredita e seja espontâneo. Seja extrovertido, ria à vontade. A espontaneidade é uma das únicas coisas que não se pode roubar a não ser que você queira.
Não tenha medo de ser feliz. E não deixe o medo lhe impedir de ser feliz. Não morra triste. Continue acreditando em fantasias. Viva em um castelo e transforme um sapo em príncipe.
Inspire-se e escreva sobre o que quiser. Qualquer coisa que você venha a escrever será bom. Deixe as palavras lhe fascinar; deixa que elas lhe mostrem a sua magia. Descubra o fascínio. Descubra o que é o sufoco e ache alguém afim de lhe acompanhar. 
Escreva sobre o que lhe fascina. Desde a vida até à flor que nasce do regar.
Corra na chuva e não se importe com o resfriado do dia seguinte. Aproveite os dias como se não houvesse amanhã. Ame, fotografe, chore, grite, cante, seja como se não houvesse amanhã.
Escreva parágrafos somente por escrever. Escreva parágrafos com a alma. Esses, por mais que você queira, é impossível apagar. Faça inúmeros rascunhos. Rasgue e amasse folhas. Deixe seus rascunhos serem lidos por alguém além de você mesmo. São os rascunhos que carregam a sua verdade, seu mais puro ponto de honestidade. Deixe alguém mergulhar no seu eu.
Sonhe com alguém.
Tire uma fotografia de tudo o que lhe faz bem. Depois tire de todas as coisas que você ama. Assim a memória não lhe falhará.
Torne-se humano e leve consigo as palavras. Torne-as humanas também. Grave seus sonhos. Torne-os reais.
Faça do mundo, um lugar melhor. Deixe o mundo de alguém, melhor. Diga bom dia a estranhos e não espere recompensa. Traga alegria aos sorrisos sem propósito. Acredite no seu melhor. Alcance metas. Faça o bem sempre. Sinta a brisa do mar acalentando seu coração. Veja o sol amanhecer. Beba muito café. 
Ouça milhões de vezes a sua música preferida. Ache uma trilha sonora para a sua história. Crie uma melodia particular. Ouça aquela música que faz você lembrar daquele alguém, daquele momento, daquele lugar e daqueles amigos. Deixe você apaixonar-se pela música da forma mais real e ingênua.
Cante por osmose. Cante sem saber cantar. Grite.. para o mundo ouvir a sua voz. Não tenha medo. Não deixe que (nunca) ninguém ofusque o seu brilho. 
Exponha seus ideais. Diga ao mundo o que você tanto quer. Exponha o seu sonhar. 
Faça de si um cronista. Escreva a toda hora, a todo instante. Encontre-se por meio das palavras.
Deixe as lágrimas escorrerem de saudade. Tenha sintomas de saudade. Olhe para alguém e lembre apenas de coisas boas. Idealize o seu par perfeito. Acredite no bem e nas pessoas mesmo. Não importa se isso possa vir a lhe machucar depois.
Passe o resto da eternidade com aquela única pessoa. Deixe seus olhos transbordarem de paixão. Tenha um último romance. Seja eternamente criança e irrevogavelmente sonhadora.
Idealize a forma mais bela de ser. Leve consigo o sonhar.
Escreva, escreva, escreva.. pare nunca. Escreva por escrever, simplesmente. Escreva por ser humano. Escreva palavras humanas. Escreva sem por quê.

Friday, October 29, 2010

yesterday I got so old, it made me want to cry

Poucos viram minhas lágrimas cair. Tenho impressão de que esqueço da tristeza e simplesmente esqueço de chorar quando há alguém por perto. Já chorei na rua, no aeroporto e em bibliotecas. Mas esqueço a tristeza quando o olhar avista o conhecido.
Escondo o interior tão facilmente que resta apenas retratá-lo por meio das palavras. Elas conhecem o meu interior com detalhes e deixo exposto tudo à flor da pele.
Passei para os papéis os textos mal-feitos, descrições detalhadas, diários secretos, diários nem tão secretos, parágrafos rabiscados rascunhos amassados. 
Porque fazia falta. Faz falta não contar a ninguém. Faz falta ninguém saber.
Mais fiel não poderia ser cada pequeno pedaço de folha que leva consigo o que escondo. Cada tarcejado de palavra guarda como segredo uma partícula do particular. E o refúgio para o que trago comigo são tão somente elas. 
Só faz mal ter que esconder, ainda mesmo, tanto. E cai em mim os parágrafos em branco, os rascunhos amassados e as frases apagadas. A folhas em branco cortam o silêncio e lembram que há algo faltando no vazio que se perde a ausência. As folhas em branco guardam mais que palavras, arrastam o arrependimento.

there's a light on

Tudo deu errado. Levantei da cama de esquerda e passei embaixo de uma escada. Vi três gatos pretos, entrei no bar com pé esquerdo, derramei sal na mesa. Senti minha orelha ficar vermelha, e o avistei duas casas de número 13. Quebrei um espelho de bolso e deixei cair o espelho do banheiro. De um restaurante.
Meu guarda-chuva abriu dentro da minha casa e não fechou mais. Eu já estava farta e exausta de tanto azar. De um azar no qual eu sequer acreditava. Mas então o olhar fez-me crer na coisa mais linda, no acaso tão maior. Avistei você e passei a crer.. somente no momento. Avistei seu rosto e encontrei a minha paz. Meu cais de longe, onde o horizonte não cansa e não cessa. Meu ponto de paz.

Tuesday, October 26, 2010

oi

toda voz com seu pensar
todo gesto a acalentar

e todo riso esvaiando
o soluço do chorar

suas mãos a passar
pelo coração meu
e por fim o sonhar
é tão belo quanto o breu.

Tuesday, October 19, 2010

while we wait

While we wait
For the breakdown
Our hearts keep crying
Our minds keep wishing

All the sorrow goes away
As we learn how to live
As we learn we may fly
With the winter breeze
Goes away today

We watch the sea and nothing's ever wrong
It just feels right
It feels like we belong

They say dreams are made of paper
And so are lies
I may be a dreamer
But I'm not the only one

I was mistaken
There was no magic in the world
I still seek in nobody's eyes
What the truth might really be

And the sun sets (again)
The lights fade out
The scene is over
The magic just died

Tomorrow we might say the truth to ourselves
For now lay down only, darling
And dream that the stars will come
and cover our desguise
'cause the truth will someday arrive
While we wait

Friday, October 15, 2010

insensatez

   Pelo jeito ter opinião hoje em dia é ofensa. O que se diz torna-se crítica.
   Não entendo. Eu mesma sou e já fui tantas e tantas vezes criticada por ter opinião. Tenho opinião forte. Argumentos não faltam. Não peço para ninguém seguir minha linha de pensamento, muito pelo contrário, acredito muito na capacidade de todos de formarem uma opinião própria. É bom discutir um assunto, ouvir novas idéias. O mundo é feito de formadores de opinião.
   Não imponho o que penso, deixo isso claro. Tenho meu certo e meu errado, isso muito dificilmente mudará. Mas é o meu certo, meu errado, de acordo com os meus princípios. Não quero, nem espero, que ninguém seja submetido aos meus ideais.
   Falo, sim. (Muitas vezes até demais). Coloco, sim, a minha opinião na mesa. Alguns colocam a opinião na mesa. E a partir do momento que suas opiniões são expostas, saiba bem, haverão críticas. Sejam elas ditas olhando fundo em seus olhos ou pelas suas costas, covardemente, sim. Eu tenho plena consciência disso e não arrependo-me de expor-me a isso.
   Pois o que falta a nós hoje em dia é o respeito. Cada um tem a sua opinião, cada um tem seus ideais. E todos tem o completo direito de tê-los e tornar a expô-los. Todos também têm o dever de ser o que se pensa.
   É, sim, muito fácil ter um ponto de vista, mas é difícil saber justificá-los. Sabe-se no que se acredita mas não o por quê de acreditar.
   Agora se alguém sabe ter argumentos e usá-los em prol da sua opinião, e se forem tão fortes os seus argumentos que acabem por fim persuadindo você.. Pois bem, não será útil criticar essa pessoa por saber defender no que acredita. Ela está utilizando suas palavras a favor dela mesma e não há absolutamente nada de errado nisso. Agora, se você sente-se ofendido com isso, por favor, vá viver no século XVI.
   Como disse anteriormente, o mundo de agora é feito de formadores de opiniões. Saber ter e justificar uma opinião faz parte disso, tanto quanto o respeito sobre elas. Não imponha a seu ponto de vista para ele ser acolhido, respeite e seja respeitado.. Seja melhor do que o resto do mundo.

Thursday, October 14, 2010

insensatez

Numa pequena estação a avistei de longe. Intrigou-me. Envolveu-me em seu mistério. Dei alguns passos até ela ficar visível por completo.
Era de baixa estatura, saia longa e florida com lírios do campo, casaco de lã por cima. Tinha olhos majestosos. Grandes e perceptíveis. Não ignorava nenhuma olhadela.
Tinha grande mistério sobre si, e a cada passo que dava parecia levar consigo o ar rarefeito daquele lugar. As nuvens carregadas com chuva eram suas de estimação.
Sentou-se em um banco. Olhava a cada instante a hora indicada e tratava o tempo como se fosse obsoleto ele passar. Observava-me. Olhei para baixo, não queria perder-me naquele olhar que cegava qualquer um.
Então levanto meu olhos e nossos olhares se cruzam. A pequenina olha para mim com profundidade tão gigantesca que fez-me hesitar, indagou:
- Você já sentiu-se pequena?
Assustada eu com a simplicidade da pergunta, repliquei, apenas:
- Já senti-me tão pequena como se vivesse no chão. Porém não foi isso que impediu-me de crescer.
Ela olhara para o chão (coisa que não havia feito durante todo o tempo em que eu a observava), e pensava. Quieta, transformou o lugar em uma biblioteca.
- Sempre fui decidida. Tão decidida. Era como uma porta, não mudava. Os ventos passavam e sempre minhas palavras a reinar. Somente no meu próprio reino, aparentemente. O vento que entortou a flor passou também pelo meu lar. Depois do meu casamento eu fui submetida. Já não tinha palavra final. Opinião passou a ser compartilhada; e eu fiquei cada vez menor.
- Sinto muito..
- Não sinta. Deixei-me ser submetida. Eu senti o brilho da minha estrela apagar.. e nada fiz.
- A senhora relevou o orgulho pela felicidade.
Ela olhava fixamente ao relógio no seu pulso, como se numa tentativa de pará-lo. Olhou para baixo. Abriu a boca. Palavra alguma saiu. Hesitou.
- Relevei a felicidade, esqueci de mim. Relevei-a sobre mim.
Hesitou novamente, e finalizou:
- Todavia somente pensei que quando essa união alcançasse o fim eu estaria liberta das conseqüências dessa infeliz escolha. O casamento acabou e minha luz ainda lá, apagada. Agora a nostalgia envolve-me noite e dia, alcança-me até em meus sonhos. E pesadelos. Essa vida nostálgica que eu queria evitar ter.
Olhei-a e enxerguei-a tão diferente. Senti uma ausência quase palpável ao seu redor. O que só fez eu entender menos ainda dela. Tão fragilmente perdida. Tão certa da perda. Não pude evitar deixar dito:
- Eu costumava sentir-me completa com a nostalgia até eu sufocar-me nela.
A pequenina levantou-se, olhou de lado uma última vez e seguiu seu caminho. Ainda penso ter visto um sorriso brotar de seus lábios.
(História real)
27/09

Wednesday, October 13, 2010

the stars fell out of the skies

Já amei. Já fui amada. Já senti saudade. Já senti.
Já corri. Já fingi que não vi para não cumprimentar alguém e coloquei a culpa na ausência dos óculos. Já passei para ele olhar. Já olhei para trás e ele não olhara. Já ignorei olhares de desdém.
Já sorri ao ouvir uma canção que lembrava algo especial, alguém especial. Já sorri ao ouvir aleatóriamente exatamente a música que eu precisava ouvir. Já chorei com músicas. Já toquei muitas músicas. Já cantei sem saber a letra. Já cantei no chuveiro. Já decorei inúmeras letras de músicas por osmoze. Já ouvi uma única música durante uma semana inteira. Já ouvi algum estranho a cantarolar uma melodia desconhecida que impregnou no meu pensar. Já fiquei um dia inteiro a repetir a cantoria da melodia. Já quis saber o nome da música. Já esqueci a melodia no dia seguinte.
Já cantei em karaokê.
Já vacilei ao respirar. Já fui falar porém palavra alguma fora pronunciada.
Já esqueci do aniversário de amigos. Já acordei e lembrei que era meu aniversário ao olhar-me no espelho. Já me perguntei o por quê da minha sina com espelhos.
Já jurei que usaria algo e comprei. Ainda está lá no canto do meu armário.
Já tive amor platônico. Já chorei por amor. Já chorei porque sabia que não era amor. Já chorei por pensar que era amor. Já chorei de saudade. Já chorei (muito) lendo um livro. Já chorei por lembrar. Já chorei por achar uma fotografia. Já chorei por segredos. Já chorei ouvindo uma música. Já chorei de nostalgia. Já chorei de tanto rir.
Já gargalhei. Já tive crises de riso incontroláveis. Já vi o sol nascer. Já vi o dia amanhecer. Já escrevi até o amanhecer. Já sorri até o amanhecer. Já fui feliz até o amanhecer.
Já me alimentei apenas de café.
Já esqueci. De aniversários, feriados, trabalhos e prazos de escola. Já esqueci como é saber viver.
Já feri. Já me machucaram. Já pensei que somente fingia gostar quando, na verdade, gostava. Já fingi gostar para esquecer. Já tentei esquecer. Já esqueci. Já lembrei novamente. E mais uma vez.
Já esperei. Já perdi as esperanças enquanto esperava.
Já contei piadas sem graça, ninguém riu. Já passei semanas só com amigos. Já discuti com amigos. Já briguei com amigos. Já perdi amigos. Uns por dois dias, outros nunca mais vi. Já perdi amigos para as drogas. Já fiz muitas (e muitas) loucuras por eles.
Chorei desesperadamente com uma amiga. Já senti como se o mundo tivesse parado para assistir-me a chorar.
Já fui criança. Já quis voltar a ser criança. Já não quis mais ser gente grande. Já brinquei de boneca e de casinha. Já passei vergonha. Já tive traumas de infância. Já fiz xixi no elevador. Já quis que a infância voltasse. Já quis voltar no tempo. Já quis parar o tempo. Já quis avançar no tempo.
Já quis viver nos anos 70. 60. 40. 30. 20.
Já quis ser mais velha. Já estudei. Já jurei amor à Língua Portuguesa. Já odiei profundamente Matemática. Já odiei Newton. E suas leis.
Já fingi estar doente para não ir à escola. Já descobri que a escola é legal. Já odiei a instituição escolar. Já amei a minha escola.
Já acordei e dormi novamente sem nem mesmo levantar da cama. Já dormi durante um dia inteiro. Já passei um dia inteiro de pijama. Já fiquei um dia inteiro assistindo filmes. Já chorei incontrolavelmente com filmes.
Já quis ser protagonista. Já quis ser princesa. Já quis um príncipe. Já quis viver um conto de fadas.
Já sonhei tanto. Já acreditei. Já me iludi. Já quis sumir. Já acreditei em mentiras.
Já me arrependi. Já fiz o que não deveria ter feito. Já não fiz o que queria ter feito. Já menti.
Já errei. Errei. Já pedi desculpas. Já perdoei.
Já xinguei (chinguei?) muito. Muito. Já pensei zerar provas onde tirei 9. Já me arrependi de não ter estudado o suficiente. Já dormi em cima de livros. Já tive erros de gramática. Já corrigi erros de gramática. Já falei 'pra mim' quando devia falar 'pra eu'. Já fiquei irritada quando falaram 'pra mim'. Já fiquei extremamente irritada com ignorância.
Já quis ser tantas coisas. Promotora de Justiça, cardiologista, cozinheira, musicista. Dona de restaurante. Pediatra, engenheira química. Juíza, psicóloga, cozinheira (de novo), juíza (de novo). Fotógrafa. Diplomata. Ministra. Escritora, poeta, roteirista. Empresária, promotora de justiça. Diplomata, juíza, escritora. Chef de cozinha. Dilplomata. Fotógrafa. Juíza federal. Escritora. Já tive certeza do futuro. Já deparei-me com a incerteza das múltiplas escolhas.
Já tive insônia. Crônica. Ainda sofro com ela. Já passei a noite em claro simplesmente por passar. Já passei a noite em claro por preocupação. Já passei uma noite inteira rolando de um lado da cama para o outro.
Já vi o mundo em preto e branco. Não sonho "colorido". Já tive pesadelos. Já acordei do nada. Já me esquivei na cama dos meus pais por medo de pesadelos. Por medo da noite.
Já menti para mim mesma. Já descobri que essa é a pior mentira. Já dei um tapa na cara de alguém. Já dei a cara pra bater.
Já bebi. Já tive medo de beber. Já exagerei ao beber. Já fiquei de ressaca. Tenho alergia a nicotina. Já perdi quem não queria perder. Já perdi alguém (s) para o vício.
Já falei demais. Tagarelei por estar nervosa.
Já escrevi. Já escrevi por amigos, para amigos. E eles não entenderam. Já escrevi para desabafar. Já amei as palavras acima de tudo. Já fiquei bem com palavras ditas. Já tentei começar um livro. Já quis ter um livro. Já quis viver das palavras.
Já cuspi palavras (rudes, sim) na cara de alguém. Já aprendi o poder que elas têm. Já tentei apagar a palavra dita. Já tentei apagar alguém de mim.
Já chorei por alguém. Já chorei por homens. E de dor. Já sofri (muito). Muito.
Por quês não respondidos.
Já quis quem não me quis. Já não quis quem me queria. Já quis quem não devia.
Já quis ao meu lado alguém impossível. Já sonhei acordada. Já tive desejos. Já (demorei, mas) voltei atrás.
Já fui contrariada. Já decepcionei. A mim inclusive.
Já esqueci uma voz. Já desesperei-me por não conseguir lembrá-la. Já perdi a voz. Já passei o dia em silêncio. Já entrei em um lugar em silêncio. Já falei com estranhos. Já achei que falar com estranhos era falar com um reflexo. Já achei que estranhos enxergam-nos mais reais.
Já tive overdose de café. Já virei a noite estudando. Já li o proibido.
Já fugi de casa. Voltei três horas depois. Já caminhei sem rumo. Já achei um caminho. Já corri na chuva.
Já tomei banhos de chuva. Já quebrei o dedo. Já tive que fazer fisioterapia. Já tive problema nos joelhos.
Já perdi campeonatos. Já chorei dentro de quadra. Já não acreditei na derrota. Já discuti muito. Já descobri minha infita teimosia. Já defendi. Já tomei partido.
Já gritei e quis que o mundo ouvisse. Já gritei para ninguém ouvir. Já gritei com alguém. Já fui explosiva. Já tive raiva. E por isso, gritei.
Já disse nunca. Muitas vezes.
Já subi em um palco. Já senti lá em cima algo mágico. Já senti por instantes que era ali o meu lugar, aonde eu pertencia. E era.
Já fui aplaudida. Já ganhei uma única rosa. Já toquei violão na praça. Já ganhei dinheiro assim.
Já fiquei sem dinheiro algum na carteira. Em uma outra cidade. Já falei minha vida inteira para um taxista. Ele me entendeu. Já chorei em um táxi às 3 da madrugada.
Já senti a brisa do mar logo cedo. Já corri na praia. Já senti falta do inverno.
Já fiquei descalço em bailes. Já perdi o glamour. Já fui dormir quando todo o resto estava acordando.
Já deixei a janela aberta pois o dia estava lindo.. e choveu.
Já pedi comida chinesa às 3 da manhã. Chegou às 5. Já atrasei relógios.
Já perdi a hora. Já perdi alguém.
Já disse adeus. E tive medo de ser levada junto.
Já quis ser abraçada para sempre. Já abracei.
Já quis desligar-me do mundo.
Já fui encantada. Já me encantaram. Já adormeci do nada. Já dormi no colo da minha mãe. Já senti falta do colo de mãe. Já senti saudades de casa.
Já guardei cartas de amor. Já escreveram para mim. Já guardei cartas sem remetente. Já escrevi cartas que nunca mandei.
Já tive um conto publicado. Já superei medos.
Já senti-me nas nuvens.
Já dancei até não dar mais. Já quis ir de penetra a uma festa. Já quis ser anônima.
Já assinei um texto meu como autor desconhecido. Já assinei pseudônimos. Já elegi um livro predileto. Já desenhei minha futura casa. Já sonhei desde menor com uma biblioteca caseira. Já quis uma geladeira vermelha. Uma azul e outra verde. Agora quero uma laranja.
Já quis a coleção inteira de Dickens. Já desisti de ter tudo. Já vi o quão realista ele era.
Já entendi que gosto do meio termo. Idealista pé-no-chão. Realista esperançoso.
Já decorei todas as falas de um filme.
Já me apaixonei por um personagem de um livro.
Já vi-me descrita na resenha de um livro.
Já quis quebrar o silêncio. Já falei quando não devia. Já fiquei quieta quando deveria ter falado. Já me apaixonei pelo silêncio de biblioteca. Já senti.
Já amei. Já fui. Já voltei.

exato

Cansei de tanto procurar;
Cansei de não achar;
Cansei de tanto encontrar;
Cansei de me perder.
Hoje eu quero somente esquecer,
quero o corpo sem qualquer querer.
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão.
Não sei pra onde vou.
Não sei
se vou ou vou ficar..
Pensei, não quero mais pensar.
Cansei de esperar.
Agora nem sei mais o que querer,
E a noite não tarda a nascer
Descansa coração e bate em paz.
Descança Coração, Fernanda Takai.

Monday, October 11, 2010

say it ain't so

Diga, por favor, diga. Diga algo. E não importa agora se sentido faz ou deixa de fazer. Nada faz sentido. Não entendo. Não compreendo. Também nem quero.
Diga que não é do jeito que as aparências denunciam ser. Diga que meus olhos vêem o que não há. Diga que a verdade ali não é o que parece. Diga para eu não fazer nada, que me precipito com qualquer possível ânsia de julgamento da verdade. Venha até mim com seus olhos lacrimejantes. Venha tão perto para eu sentir as batidas descompassadas do seu coração. Sua respiração ofegante. Venha até mim e segure-me fortemente. Não deixe-me ir. Não olhe em meus olhos. Não quero ter que encarar de tão perto sua profundidade. Não quero afogar-me nas suas lágrimas, ainda presas. Segure-me com suas palavras, desespere-me de indecisão, busque em mim compaixão.
Diga que o que penso está errado, que faço o que não se deve. Diga que você não está ali. Diga que não é alguém, aquela ali. DIga que não há ninguém aqui. Diga que estou cega, que engano-me. Diga que está tudo errado. Diga que nada passa de um pesadelo, que é hora de acordar. Belisque a minha pele, por favor, a machuque, faça-a sangrar, mas faça-me acordar. Faça-me acordar.. Não deixe-me ir.
Não fique aí. Eu vou fugir. Eu irei.
O que os olhos não vêem o coração não sente. Pois mal sabia eu que o que se vê dói tão mais do que apenas pensar. Tão mais que cogitar. E não se pode deixar de ver. Foi visto, e dolorosamente entendido. Foi chorado ao fim.
Agora vou, com seu cheiro de jasmin em mim, sem nada para pensar além do final. E lembrar da última imagem. Você lá. Parado. Sem nada fazer. Você não fez nada, não fez questão de tirar o que estava em mim. Não buscou compaixão. Você não disse. Você não disse.. nada disse.

Tuesday, October 5, 2010

as if I was the only one


When you said I would be lonely, 
but when you rise again i'll have become the sun.
I will shine down upon you as if you were the only one.
Your voice is your own, I can't protect it .
You'll have to sing a verse no one has ever known.

Don't be afraid, 
Cause no one ever sings alone.
Your way will never be too much for me, 
your ideas have always been your own,
and this moment keeps on moving
We were never meant to hold on.

Adrift, Jack Johnson.

Monday, October 4, 2010

inocência

   Chove, chuva. Chove demais. Que se chover demais, enche meu coração de esmero. Faz-me querer encontrar uma nova vida, uma realidade distante e imparcial. Onde nada é opinião, tudo são meras palavras ditas tão simplesmente por dizer-se.
Tão por nada e sem ser. Sem ser julgado, repelido e excluído das conversas de bar.
   Opinião vazia, sem por quê, sem querer acertar. Sem poder errar.
   Sem ser o que se quer, mas ser o que se é. Dizer-se o que se passa dentro da pequena mente. Nada sendo errado, apenas se contra seus ideais forem. Não se discute, não há briga, desacato ou desrespeito da pior espécie. Tão certo é tudo, que até deixa inquieto o pensar. Pensa-se tanto e sem parar no que se pode tanto ser, sem errado esse sentir-se.
   Tão livre, e com as minhas próprias asas poder voar, enfim.
   Sem olhar para trás.. Memórias de bem, de lado, memórias que trazem o que se que lembrar. Nada a lembrar o lado obscuro que a mente tem.
   Não ter medo de pensar, de expor novos caminhos, de deixar ao lado a segurança de ter um porto. De ter um cais.
   Lá é permitido ir, voltar. A hora que se pode, a hora que se quer.
Sumir. Não ir embora para longe, não somente pisar em falso e cair para fora do seu mundo. Lá pode-se sumir.
   E entre os sóis de primavera cresce a vontade e a necessidade de cantar em Dó Maior, de criar o melhor do mundo.
   É necessário saber ser-se. Tão necessário quando exercer o que se é. Tão necessário quanto perder o medo que a vida traz.
   Chove. Chove lá fora. Chuva que não vai cessar.
   Enquanto isso, há na janela, na inocência de olhos de esperança, a utopia em que se crê.. Na menina dos olhos, há enfim a esperança do viver.

Friday, October 1, 2010

Tuesday, September 28, 2010

I am not your blowing wind

I lay down to only see the night passing by,
hear those old whisperers passing by my ears,
our desires, the destiny where we belonged was never there
and you did let it all go away..
away with your desguise.
With every lie, every broken promise,
every fake tear, every simple laughter.
Sometimes the stars think you should stay,
though they keep wishing that I won't make the same mistake again.
And our songs keep playing all day long
reminding me you are gone.
Your perfum impregnates into my nose
while all my clothes remain your jasmin smell.
You flew away with every testimony and dedication you have ever made.
But there are moments, when the night fades out,
where I remember those broken promises..
Though I rather not think of you,
rather believe you're just gone with the wind.
Blown your lie and the happy ending.
Someday, semehow, you were a (my) happy ending.
You were the sun while I was watching the waves sliding on the sand,
you were the silence I broke
the words I wrote, the love I once had, the song I sang, the moon that once glow.
Through it all I cannot simply forget your memory that is alive inside of me: your eyes.
As kind as thunder, as bright as the night,
as cold as the winter that sighs..
as delightful as the falling rain that cried.
All the memories are faded, all the words are gone.
Still..
It's in your eyes I'd like to stay.