Friday, October 29, 2010

yesterday I got so old, it made me want to cry

Poucos viram minhas lágrimas cair. Tenho impressão de que esqueço da tristeza e simplesmente esqueço de chorar quando há alguém por perto. Já chorei na rua, no aeroporto e em bibliotecas. Mas esqueço a tristeza quando o olhar avista o conhecido.
Escondo o interior tão facilmente que resta apenas retratá-lo por meio das palavras. Elas conhecem o meu interior com detalhes e deixo exposto tudo à flor da pele.
Passei para os papéis os textos mal-feitos, descrições detalhadas, diários secretos, diários nem tão secretos, parágrafos rabiscados rascunhos amassados. 
Porque fazia falta. Faz falta não contar a ninguém. Faz falta ninguém saber.
Mais fiel não poderia ser cada pequeno pedaço de folha que leva consigo o que escondo. Cada tarcejado de palavra guarda como segredo uma partícula do particular. E o refúgio para o que trago comigo são tão somente elas. 
Só faz mal ter que esconder, ainda mesmo, tanto. E cai em mim os parágrafos em branco, os rascunhos amassados e as frases apagadas. A folhas em branco cortam o silêncio e lembram que há algo faltando no vazio que se perde a ausência. As folhas em branco guardam mais que palavras, arrastam o arrependimento.

there's a light on

Tudo deu errado. Levantei da cama de esquerda e passei embaixo de uma escada. Vi três gatos pretos, entrei no bar com pé esquerdo, derramei sal na mesa. Senti minha orelha ficar vermelha, e o avistei duas casas de número 13. Quebrei um espelho de bolso e deixei cair o espelho do banheiro. De um restaurante.
Meu guarda-chuva abriu dentro da minha casa e não fechou mais. Eu já estava farta e exausta de tanto azar. De um azar no qual eu sequer acreditava. Mas então o olhar fez-me crer na coisa mais linda, no acaso tão maior. Avistei você e passei a crer.. somente no momento. Avistei seu rosto e encontrei a minha paz. Meu cais de longe, onde o horizonte não cansa e não cessa. Meu ponto de paz.

Tuesday, October 26, 2010

oi

toda voz com seu pensar
todo gesto a acalentar

e todo riso esvaiando
o soluço do chorar

suas mãos a passar
pelo coração meu
e por fim o sonhar
é tão belo quanto o breu.

Tuesday, October 19, 2010

while we wait

While we wait
For the breakdown
Our hearts keep crying
Our minds keep wishing

All the sorrow goes away
As we learn how to live
As we learn we may fly
With the winter breeze
Goes away today

We watch the sea and nothing's ever wrong
It just feels right
It feels like we belong

They say dreams are made of paper
And so are lies
I may be a dreamer
But I'm not the only one

I was mistaken
There was no magic in the world
I still seek in nobody's eyes
What the truth might really be

And the sun sets (again)
The lights fade out
The scene is over
The magic just died

Tomorrow we might say the truth to ourselves
For now lay down only, darling
And dream that the stars will come
and cover our desguise
'cause the truth will someday arrive
While we wait

Friday, October 15, 2010

insensatez

   Pelo jeito ter opinião hoje em dia é ofensa. O que se diz torna-se crítica.
   Não entendo. Eu mesma sou e já fui tantas e tantas vezes criticada por ter opinião. Tenho opinião forte. Argumentos não faltam. Não peço para ninguém seguir minha linha de pensamento, muito pelo contrário, acredito muito na capacidade de todos de formarem uma opinião própria. É bom discutir um assunto, ouvir novas idéias. O mundo é feito de formadores de opinião.
   Não imponho o que penso, deixo isso claro. Tenho meu certo e meu errado, isso muito dificilmente mudará. Mas é o meu certo, meu errado, de acordo com os meus princípios. Não quero, nem espero, que ninguém seja submetido aos meus ideais.
   Falo, sim. (Muitas vezes até demais). Coloco, sim, a minha opinião na mesa. Alguns colocam a opinião na mesa. E a partir do momento que suas opiniões são expostas, saiba bem, haverão críticas. Sejam elas ditas olhando fundo em seus olhos ou pelas suas costas, covardemente, sim. Eu tenho plena consciência disso e não arrependo-me de expor-me a isso.
   Pois o que falta a nós hoje em dia é o respeito. Cada um tem a sua opinião, cada um tem seus ideais. E todos tem o completo direito de tê-los e tornar a expô-los. Todos também têm o dever de ser o que se pensa.
   É, sim, muito fácil ter um ponto de vista, mas é difícil saber justificá-los. Sabe-se no que se acredita mas não o por quê de acreditar.
   Agora se alguém sabe ter argumentos e usá-los em prol da sua opinião, e se forem tão fortes os seus argumentos que acabem por fim persuadindo você.. Pois bem, não será útil criticar essa pessoa por saber defender no que acredita. Ela está utilizando suas palavras a favor dela mesma e não há absolutamente nada de errado nisso. Agora, se você sente-se ofendido com isso, por favor, vá viver no século XVI.
   Como disse anteriormente, o mundo de agora é feito de formadores de opiniões. Saber ter e justificar uma opinião faz parte disso, tanto quanto o respeito sobre elas. Não imponha a seu ponto de vista para ele ser acolhido, respeite e seja respeitado.. Seja melhor do que o resto do mundo.

Thursday, October 14, 2010

insensatez

Numa pequena estação a avistei de longe. Intrigou-me. Envolveu-me em seu mistério. Dei alguns passos até ela ficar visível por completo.
Era de baixa estatura, saia longa e florida com lírios do campo, casaco de lã por cima. Tinha olhos majestosos. Grandes e perceptíveis. Não ignorava nenhuma olhadela.
Tinha grande mistério sobre si, e a cada passo que dava parecia levar consigo o ar rarefeito daquele lugar. As nuvens carregadas com chuva eram suas de estimação.
Sentou-se em um banco. Olhava a cada instante a hora indicada e tratava o tempo como se fosse obsoleto ele passar. Observava-me. Olhei para baixo, não queria perder-me naquele olhar que cegava qualquer um.
Então levanto meu olhos e nossos olhares se cruzam. A pequenina olha para mim com profundidade tão gigantesca que fez-me hesitar, indagou:
- Você já sentiu-se pequena?
Assustada eu com a simplicidade da pergunta, repliquei, apenas:
- Já senti-me tão pequena como se vivesse no chão. Porém não foi isso que impediu-me de crescer.
Ela olhara para o chão (coisa que não havia feito durante todo o tempo em que eu a observava), e pensava. Quieta, transformou o lugar em uma biblioteca.
- Sempre fui decidida. Tão decidida. Era como uma porta, não mudava. Os ventos passavam e sempre minhas palavras a reinar. Somente no meu próprio reino, aparentemente. O vento que entortou a flor passou também pelo meu lar. Depois do meu casamento eu fui submetida. Já não tinha palavra final. Opinião passou a ser compartilhada; e eu fiquei cada vez menor.
- Sinto muito..
- Não sinta. Deixei-me ser submetida. Eu senti o brilho da minha estrela apagar.. e nada fiz.
- A senhora relevou o orgulho pela felicidade.
Ela olhava fixamente ao relógio no seu pulso, como se numa tentativa de pará-lo. Olhou para baixo. Abriu a boca. Palavra alguma saiu. Hesitou.
- Relevei a felicidade, esqueci de mim. Relevei-a sobre mim.
Hesitou novamente, e finalizou:
- Todavia somente pensei que quando essa união alcançasse o fim eu estaria liberta das conseqüências dessa infeliz escolha. O casamento acabou e minha luz ainda lá, apagada. Agora a nostalgia envolve-me noite e dia, alcança-me até em meus sonhos. E pesadelos. Essa vida nostálgica que eu queria evitar ter.
Olhei-a e enxerguei-a tão diferente. Senti uma ausência quase palpável ao seu redor. O que só fez eu entender menos ainda dela. Tão fragilmente perdida. Tão certa da perda. Não pude evitar deixar dito:
- Eu costumava sentir-me completa com a nostalgia até eu sufocar-me nela.
A pequenina levantou-se, olhou de lado uma última vez e seguiu seu caminho. Ainda penso ter visto um sorriso brotar de seus lábios.
(História real)
27/09

Wednesday, October 13, 2010

the stars fell out of the skies

Já amei. Já fui amada. Já senti saudade. Já senti.
Já corri. Já fingi que não vi para não cumprimentar alguém e coloquei a culpa na ausência dos óculos. Já passei para ele olhar. Já olhei para trás e ele não olhara. Já ignorei olhares de desdém.
Já sorri ao ouvir uma canção que lembrava algo especial, alguém especial. Já sorri ao ouvir aleatóriamente exatamente a música que eu precisava ouvir. Já chorei com músicas. Já toquei muitas músicas. Já cantei sem saber a letra. Já cantei no chuveiro. Já decorei inúmeras letras de músicas por osmoze. Já ouvi uma única música durante uma semana inteira. Já ouvi algum estranho a cantarolar uma melodia desconhecida que impregnou no meu pensar. Já fiquei um dia inteiro a repetir a cantoria da melodia. Já quis saber o nome da música. Já esqueci a melodia no dia seguinte.
Já cantei em karaokê.
Já vacilei ao respirar. Já fui falar porém palavra alguma fora pronunciada.
Já esqueci do aniversário de amigos. Já acordei e lembrei que era meu aniversário ao olhar-me no espelho. Já me perguntei o por quê da minha sina com espelhos.
Já jurei que usaria algo e comprei. Ainda está lá no canto do meu armário.
Já tive amor platônico. Já chorei por amor. Já chorei porque sabia que não era amor. Já chorei por pensar que era amor. Já chorei de saudade. Já chorei (muito) lendo um livro. Já chorei por lembrar. Já chorei por achar uma fotografia. Já chorei por segredos. Já chorei ouvindo uma música. Já chorei de nostalgia. Já chorei de tanto rir.
Já gargalhei. Já tive crises de riso incontroláveis. Já vi o sol nascer. Já vi o dia amanhecer. Já escrevi até o amanhecer. Já sorri até o amanhecer. Já fui feliz até o amanhecer.
Já me alimentei apenas de café.
Já esqueci. De aniversários, feriados, trabalhos e prazos de escola. Já esqueci como é saber viver.
Já feri. Já me machucaram. Já pensei que somente fingia gostar quando, na verdade, gostava. Já fingi gostar para esquecer. Já tentei esquecer. Já esqueci. Já lembrei novamente. E mais uma vez.
Já esperei. Já perdi as esperanças enquanto esperava.
Já contei piadas sem graça, ninguém riu. Já passei semanas só com amigos. Já discuti com amigos. Já briguei com amigos. Já perdi amigos. Uns por dois dias, outros nunca mais vi. Já perdi amigos para as drogas. Já fiz muitas (e muitas) loucuras por eles.
Chorei desesperadamente com uma amiga. Já senti como se o mundo tivesse parado para assistir-me a chorar.
Já fui criança. Já quis voltar a ser criança. Já não quis mais ser gente grande. Já brinquei de boneca e de casinha. Já passei vergonha. Já tive traumas de infância. Já fiz xixi no elevador. Já quis que a infância voltasse. Já quis voltar no tempo. Já quis parar o tempo. Já quis avançar no tempo.
Já quis viver nos anos 70. 60. 40. 30. 20.
Já quis ser mais velha. Já estudei. Já jurei amor à Língua Portuguesa. Já odiei profundamente Matemática. Já odiei Newton. E suas leis.
Já fingi estar doente para não ir à escola. Já descobri que a escola é legal. Já odiei a instituição escolar. Já amei a minha escola.
Já acordei e dormi novamente sem nem mesmo levantar da cama. Já dormi durante um dia inteiro. Já passei um dia inteiro de pijama. Já fiquei um dia inteiro assistindo filmes. Já chorei incontrolavelmente com filmes.
Já quis ser protagonista. Já quis ser princesa. Já quis um príncipe. Já quis viver um conto de fadas.
Já sonhei tanto. Já acreditei. Já me iludi. Já quis sumir. Já acreditei em mentiras.
Já me arrependi. Já fiz o que não deveria ter feito. Já não fiz o que queria ter feito. Já menti.
Já errei. Errei. Já pedi desculpas. Já perdoei.
Já xinguei (chinguei?) muito. Muito. Já pensei zerar provas onde tirei 9. Já me arrependi de não ter estudado o suficiente. Já dormi em cima de livros. Já tive erros de gramática. Já corrigi erros de gramática. Já falei 'pra mim' quando devia falar 'pra eu'. Já fiquei irritada quando falaram 'pra mim'. Já fiquei extremamente irritada com ignorância.
Já quis ser tantas coisas. Promotora de Justiça, cardiologista, cozinheira, musicista. Dona de restaurante. Pediatra, engenheira química. Juíza, psicóloga, cozinheira (de novo), juíza (de novo). Fotógrafa. Diplomata. Ministra. Escritora, poeta, roteirista. Empresária, promotora de justiça. Diplomata, juíza, escritora. Chef de cozinha. Dilplomata. Fotógrafa. Juíza federal. Escritora. Já tive certeza do futuro. Já deparei-me com a incerteza das múltiplas escolhas.
Já tive insônia. Crônica. Ainda sofro com ela. Já passei a noite em claro simplesmente por passar. Já passei a noite em claro por preocupação. Já passei uma noite inteira rolando de um lado da cama para o outro.
Já vi o mundo em preto e branco. Não sonho "colorido". Já tive pesadelos. Já acordei do nada. Já me esquivei na cama dos meus pais por medo de pesadelos. Por medo da noite.
Já menti para mim mesma. Já descobri que essa é a pior mentira. Já dei um tapa na cara de alguém. Já dei a cara pra bater.
Já bebi. Já tive medo de beber. Já exagerei ao beber. Já fiquei de ressaca. Tenho alergia a nicotina. Já perdi quem não queria perder. Já perdi alguém (s) para o vício.
Já falei demais. Tagarelei por estar nervosa.
Já escrevi. Já escrevi por amigos, para amigos. E eles não entenderam. Já escrevi para desabafar. Já amei as palavras acima de tudo. Já fiquei bem com palavras ditas. Já tentei começar um livro. Já quis ter um livro. Já quis viver das palavras.
Já cuspi palavras (rudes, sim) na cara de alguém. Já aprendi o poder que elas têm. Já tentei apagar a palavra dita. Já tentei apagar alguém de mim.
Já chorei por alguém. Já chorei por homens. E de dor. Já sofri (muito). Muito.
Por quês não respondidos.
Já quis quem não me quis. Já não quis quem me queria. Já quis quem não devia.
Já quis ao meu lado alguém impossível. Já sonhei acordada. Já tive desejos. Já (demorei, mas) voltei atrás.
Já fui contrariada. Já decepcionei. A mim inclusive.
Já esqueci uma voz. Já desesperei-me por não conseguir lembrá-la. Já perdi a voz. Já passei o dia em silêncio. Já entrei em um lugar em silêncio. Já falei com estranhos. Já achei que falar com estranhos era falar com um reflexo. Já achei que estranhos enxergam-nos mais reais.
Já tive overdose de café. Já virei a noite estudando. Já li o proibido.
Já fugi de casa. Voltei três horas depois. Já caminhei sem rumo. Já achei um caminho. Já corri na chuva.
Já tomei banhos de chuva. Já quebrei o dedo. Já tive que fazer fisioterapia. Já tive problema nos joelhos.
Já perdi campeonatos. Já chorei dentro de quadra. Já não acreditei na derrota. Já discuti muito. Já descobri minha infita teimosia. Já defendi. Já tomei partido.
Já gritei e quis que o mundo ouvisse. Já gritei para ninguém ouvir. Já gritei com alguém. Já fui explosiva. Já tive raiva. E por isso, gritei.
Já disse nunca. Muitas vezes.
Já subi em um palco. Já senti lá em cima algo mágico. Já senti por instantes que era ali o meu lugar, aonde eu pertencia. E era.
Já fui aplaudida. Já ganhei uma única rosa. Já toquei violão na praça. Já ganhei dinheiro assim.
Já fiquei sem dinheiro algum na carteira. Em uma outra cidade. Já falei minha vida inteira para um taxista. Ele me entendeu. Já chorei em um táxi às 3 da madrugada.
Já senti a brisa do mar logo cedo. Já corri na praia. Já senti falta do inverno.
Já fiquei descalço em bailes. Já perdi o glamour. Já fui dormir quando todo o resto estava acordando.
Já deixei a janela aberta pois o dia estava lindo.. e choveu.
Já pedi comida chinesa às 3 da manhã. Chegou às 5. Já atrasei relógios.
Já perdi a hora. Já perdi alguém.
Já disse adeus. E tive medo de ser levada junto.
Já quis ser abraçada para sempre. Já abracei.
Já quis desligar-me do mundo.
Já fui encantada. Já me encantaram. Já adormeci do nada. Já dormi no colo da minha mãe. Já senti falta do colo de mãe. Já senti saudades de casa.
Já guardei cartas de amor. Já escreveram para mim. Já guardei cartas sem remetente. Já escrevi cartas que nunca mandei.
Já tive um conto publicado. Já superei medos.
Já senti-me nas nuvens.
Já dancei até não dar mais. Já quis ir de penetra a uma festa. Já quis ser anônima.
Já assinei um texto meu como autor desconhecido. Já assinei pseudônimos. Já elegi um livro predileto. Já desenhei minha futura casa. Já sonhei desde menor com uma biblioteca caseira. Já quis uma geladeira vermelha. Uma azul e outra verde. Agora quero uma laranja.
Já quis a coleção inteira de Dickens. Já desisti de ter tudo. Já vi o quão realista ele era.
Já entendi que gosto do meio termo. Idealista pé-no-chão. Realista esperançoso.
Já decorei todas as falas de um filme.
Já me apaixonei por um personagem de um livro.
Já vi-me descrita na resenha de um livro.
Já quis quebrar o silêncio. Já falei quando não devia. Já fiquei quieta quando deveria ter falado. Já me apaixonei pelo silêncio de biblioteca. Já senti.
Já amei. Já fui. Já voltei.

exato

Cansei de tanto procurar;
Cansei de não achar;
Cansei de tanto encontrar;
Cansei de me perder.
Hoje eu quero somente esquecer,
quero o corpo sem qualquer querer.
Tenhos os olhos tão cansados de te ver
Na memória, no sonho e em vão.
Não sei pra onde vou.
Não sei
se vou ou vou ficar..
Pensei, não quero mais pensar.
Cansei de esperar.
Agora nem sei mais o que querer,
E a noite não tarda a nascer
Descansa coração e bate em paz.
Descança Coração, Fernanda Takai.

Monday, October 11, 2010

say it ain't so

Diga, por favor, diga. Diga algo. E não importa agora se sentido faz ou deixa de fazer. Nada faz sentido. Não entendo. Não compreendo. Também nem quero.
Diga que não é do jeito que as aparências denunciam ser. Diga que meus olhos vêem o que não há. Diga que a verdade ali não é o que parece. Diga para eu não fazer nada, que me precipito com qualquer possível ânsia de julgamento da verdade. Venha até mim com seus olhos lacrimejantes. Venha tão perto para eu sentir as batidas descompassadas do seu coração. Sua respiração ofegante. Venha até mim e segure-me fortemente. Não deixe-me ir. Não olhe em meus olhos. Não quero ter que encarar de tão perto sua profundidade. Não quero afogar-me nas suas lágrimas, ainda presas. Segure-me com suas palavras, desespere-me de indecisão, busque em mim compaixão.
Diga que o que penso está errado, que faço o que não se deve. Diga que você não está ali. Diga que não é alguém, aquela ali. DIga que não há ninguém aqui. Diga que estou cega, que engano-me. Diga que está tudo errado. Diga que nada passa de um pesadelo, que é hora de acordar. Belisque a minha pele, por favor, a machuque, faça-a sangrar, mas faça-me acordar. Faça-me acordar.. Não deixe-me ir.
Não fique aí. Eu vou fugir. Eu irei.
O que os olhos não vêem o coração não sente. Pois mal sabia eu que o que se vê dói tão mais do que apenas pensar. Tão mais que cogitar. E não se pode deixar de ver. Foi visto, e dolorosamente entendido. Foi chorado ao fim.
Agora vou, com seu cheiro de jasmin em mim, sem nada para pensar além do final. E lembrar da última imagem. Você lá. Parado. Sem nada fazer. Você não fez nada, não fez questão de tirar o que estava em mim. Não buscou compaixão. Você não disse. Você não disse.. nada disse.

Tuesday, October 5, 2010

as if I was the only one


When you said I would be lonely, 
but when you rise again i'll have become the sun.
I will shine down upon you as if you were the only one.
Your voice is your own, I can't protect it .
You'll have to sing a verse no one has ever known.

Don't be afraid, 
Cause no one ever sings alone.
Your way will never be too much for me, 
your ideas have always been your own,
and this moment keeps on moving
We were never meant to hold on.

Adrift, Jack Johnson.

Monday, October 4, 2010

inocência

   Chove, chuva. Chove demais. Que se chover demais, enche meu coração de esmero. Faz-me querer encontrar uma nova vida, uma realidade distante e imparcial. Onde nada é opinião, tudo são meras palavras ditas tão simplesmente por dizer-se.
Tão por nada e sem ser. Sem ser julgado, repelido e excluído das conversas de bar.
   Opinião vazia, sem por quê, sem querer acertar. Sem poder errar.
   Sem ser o que se quer, mas ser o que se é. Dizer-se o que se passa dentro da pequena mente. Nada sendo errado, apenas se contra seus ideais forem. Não se discute, não há briga, desacato ou desrespeito da pior espécie. Tão certo é tudo, que até deixa inquieto o pensar. Pensa-se tanto e sem parar no que se pode tanto ser, sem errado esse sentir-se.
   Tão livre, e com as minhas próprias asas poder voar, enfim.
   Sem olhar para trás.. Memórias de bem, de lado, memórias que trazem o que se que lembrar. Nada a lembrar o lado obscuro que a mente tem.
   Não ter medo de pensar, de expor novos caminhos, de deixar ao lado a segurança de ter um porto. De ter um cais.
   Lá é permitido ir, voltar. A hora que se pode, a hora que se quer.
Sumir. Não ir embora para longe, não somente pisar em falso e cair para fora do seu mundo. Lá pode-se sumir.
   E entre os sóis de primavera cresce a vontade e a necessidade de cantar em Dó Maior, de criar o melhor do mundo.
   É necessário saber ser-se. Tão necessário quando exercer o que se é. Tão necessário quanto perder o medo que a vida traz.
   Chove. Chove lá fora. Chuva que não vai cessar.
   Enquanto isso, há na janela, na inocência de olhos de esperança, a utopia em que se crê.. Na menina dos olhos, há enfim a esperança do viver.

Friday, October 1, 2010