Wednesday, January 26, 2011

despertar

Gentis são as nuvens que revelam entre pedaços azuis de céu, o sol, ao amanhecer um novo mundo a cada dia. A claridade fecha os olhos que se acostumaram com o que a noite traz. E ao cair o sol para oeste, o azul vira breu. Milhões estrelas carregam a solidão de quem passeia tentando encontrar o dia; a escuridão dos pesadelos e a incógnita do sonho. Dobra no horizonte o que algum dia já foi meu.

I try to laugh about it, hiding the tears in my eyes.

It’s my heart you’re stealing,
It’s my heart you take.
It’s my heart you’re dealing with,
And it’s my heart you’ll break.



My Heart, The Perishers.

Sunday, January 23, 2011

somewhere else

Se vierem lhe perguntar, diga que demoro a chegar.
Diga que a indisposição tomou conta de mim. Diga que decidi ir caminhar, que meu relógio estragou, que tive um dia ruim, que meus passos decidiram seguir o caminho oposto.
Diga que fiquei assistindo ao meu filme preferido, ou que me perdi nas páginas de um livro qualquer. Diga que a música que estava a tocar era boa demais para não ser ouvida. Diga que tirei o dia de folga. Que perdi a hora escrevendo, que fiquei sem inspiração ou que me perdi entre meus versos.
Diga que perdi o horário, a memória e o bom-senso. Diga que esqueci o caminho de casa, que lhe perdi de vista.
Ou simplesmente que esqueci de acordar, que o despertador não tocou, que a comida não me fez bem.
Conte que o táxi estragou, que meu salto quebrou ou que fiquei presa no elevador. Diga que a luz lá em casa acabou, assim como as velas.
Ou apenas diga que fui ver a minha banda preferida.
Conte como fiquei olhando o entardecer sentada na areia da praia.
Conte como estavam lindas as estrelas do céu, e que elas não me deixaram partir antes do amanhecer.
Diga que acabou o filme da câmera, e lá fui eu comprar mais um; que eu disse não ter hora pra voltar. Ou também diga simplesmente que o dia me cativou, e me levou entre ventos.


Diga que me perdi em contra-tempos, colcheias e tons maiores. Entre vogais e consoantes.
Diga que fui à procura do amor. Diga que encontrei a liberdade. 


Diga que meu café esfriou e que fui pegar mais um.
Diga que eu tive um sonho bom, para variar.
Diga que a vida não é um sonho, mas vale a pena a tentativa.

Thursday, January 20, 2011

you are (not) the only exception

I have this dream.. Where we go back to that old banch and talk about us. And you're there with me, for good. There's no fear, no anguish, or hurry. And for a moment all I can hear is your kind low voice, your childish 5-year-old laugh, and you breathing deeply. All I see is you. All I want is you. All I need is you.
Then all of sudden the day fades out. It's dark as if the sun has forgotten to rise. I feel blind and lost. I feel alone. I'm awake. Sometimes waking up has its disadvantages.
For a moment you were here, and here you'd stay. In our eternity, we'd live.
But you're gone.. oh! darling, I've finally learned to stop dreaming.
People always leave. With no exceptions.

Sunday, January 16, 2011

as sweet as you

When I was young I lived in a world of dreams,
of moods and myths 
And illusionary schemes.
Though now I'm much more grown up,
I fear that I must own up 
To the fact that I'm in doubt of, 
What the modern cynics shout of.
They say it's spring, this feeling light as a feather.

They say this thing, this magic we share together.

Darling I thought we knew 

That it wasn't spring,
'Twas you.




They Say It's Spring, Blossom Dearie.

Sunday, January 9, 2011

people don't change blues

Logo já o dia para longe me levará, para onde o horizonte alcançar. Venha cá para eu olhar seus olhos pela última vez, para saber que o seu briho será eterno enquanto durar.
Deixe que eu veja o sol deitar em seus cabelos sem pentear.
Até o amanhecer germinar, cobre a saudade vã, e cante. Cante qualquer coisa, assim, do jeito seu. Cante o seu espontâneo, que eu canto algo sobre você. Deixe eu guardar na alma um pedaço do meu céu, do meu clichê em guardar na lembrança a sua voz. Que levarei em mim a sua voz em uma só nota.
E que valor tem, cantar a solidão que estufa o peito? Não cesse o pranto, que mais vale ele à mágoa em versos, à melancolia de estrofes.
Olhe além-mar, o girar do mundo está sob seus pés. Sinta-me no horizonte distante e no acalentar do sereno na noite. Que dentro das linhas tortas do amanhã, vou andar até a essência do seu perfume me encontrar.
Explique a mim a paz que me invade nessa espera .
Abre a porta, e deixe a brisa invadir os cômodos. Abra o seu armários, e deixe estar. Abra as janelas, que o outono já quer entrar.
E declame às estrelas aquele poema que tanto gosto, até o amanhã se encontrar e surgir.. Até eu ir.
E a cada dia longe, fazer do seu sorriso, um abrigo.

Thursday, January 6, 2011

atemporal

Amar é ser imaturo, é ser infantil. Amar é ter ciúmes pelo banal. Dizer o que se quer, pensar o que quiser e ser o que se pode. Amar é ter olhos banhados de esperança e cegos de bondade. Amar é ver a bondade escondida dos demais, pelas sombras da realidade.

Amar em silêncio, sob o véu de neblina de inverno, o sol escaldante de verão, na essência de flores na primavera e entre as folhas na brisa de outono.

Amar no escuro.
Amar sem ser amado.
Amar com ou sem sorrisos. Amar é se contentar com o que se sente. Amar é não pedir nada em troca. Amar é chorar mais do que se sorri. Amar é ter amor.
Amando se sofre.. e o choro parece, às vezes, incansável. Lágrimas parecem não ter fim, até mesmo quando um rio de lágrimas paira sob seus pés.
Amar é ser inconsequente.
Amar é encontrar o motivo do seu viver, a alegria do seu sorrir. É lutar por um mundo melhor.
Amar é encontrar no outro o melhor de si. Amar é se agarrar em detalhes, em trejeitos e manias. Amar é guardar as lembranças no coração, e levá-las consigo. É saber mais dela do que ela pensava. Ah, aquela pessoa que não sai do coração.
Amar é ver no dia muito mais do que o amanhecer.
Amar sem mais, nem menos.

O amor.. Ah, essa coisa.
Nós sofremos porque amamos, e amamos por gostar de alguém que ama também.
Amar é muito mais do que se dar tão espontaneamente a esse amor, muito mais do que abrir mão de gostos, manias e frescuras pessoais. Acho que amar é fazer isso tudo com um sorriso no rosto e sendo impulsivo, mas, da mesma forma, não se arrependendo depois de nada feito antes.
Amar é sofrer, sim, tais verbos são quase sinônimos. Têm tanto em comum. Um é a consequência do outro. Um se transforma no outro com o passar do tempo.
Tá aí mais uma coisa em comum.. Amar, sofrer e o tempo. Dois verbos e um substantivo. Tão nobres, elevados e respeitados ao redor do mundo. Mas, às vezes tudo o que eles são, é só isso. Dois verbos e um substantivo.. e nada mais. Às vezes dá-se demasiado valor a todos eles. Se estima tanto o que ninguém sequer sabe a definição.
Quem se atreve a me dizer o que é amar? Quem se atreve a me dizer que sofreu? Quem diz saber o que é o tempo?
Pois é.
Amar é, e simplesmente.

clichê

Ai, ai,
Vai ver é só você.
Ai, ai..
Vai ver é só você querer.
Distante, imaginar
Caberia a quem dizer:
"Amor, eu vivo tão sozinho de saudade.

Saudade, Marcelo Camelo.