Friday, February 25, 2011

11

Ela olhava as constelações pela janela de seu quarto. Ficava a contar cada estrela do céu. Perdia a conta, e começava lá pela primeira. Desenhava no ar uma história. Ela se perdia por entre milhões de pontos de luz do céu. 
Esperava poder tocá-las à medida que o tempo avançava.
O relógio andava, e vagamente o sono alcançava os seus olhos. 
Ela esperava ansiosa, sempre, por aquela. Aquela estrela. Aquela que sempre estava no mesmo lugar, àquela mesma hora, e tinha o mesmo brilho. Ela era diferente. Não era maior, não era menor, não brilhava mais ou menos do que qualquer outra estrela da imensidão daquele céu.
Havia nela algo que não se via em qualquer outra: profundeza.
Especial era como o seu olhar de pequenina era preenchido pela imagem que retratava o infinito..  Quando a encontrava, o mundo rodava devagar e o tempo custava a passar.
O resto era invisível.
O amanhecer chegava devagar.
Em um pequeno mundo adentrou a imensidão. 
A estrela desvaneceu. E toda a noite a menina voltava os olhos para o céu.. Perdeu-a na imensidão. Ela não estava mais lá.. e ainda sim, nunca era demais procurar em cada estrela o brilho que havia n'aquela.
Ela viveu a perguntar o por quê dela ter ido. O mundo entristece um pouco mais quando uma estrela se vai? Ela sentia saudade.
Dentro da menina, via-se o brilho que a estrela lhe deixou.

Wednesday, February 23, 2011

volátil

É fragilmente inconsistente
despido de quaisquer explicações.
É a sutileza da escuridão da noite
É um detalhe dentre constelações,
é o brilho da estrela que segue a multidão.
É o vazio de palavras banais,
é a ausência esquecida.
É o amanhecer com gosto de café na cama,
a beleza da ingenuidade.
É descobrir a mágica escondida no mundo.
É quando, o meu amor, é muito mais do que meu.
É uma fotografia a passear pelos cantos do pensamento.
É descobrir em alguém a profundeza da paz,
é ficar a ouvir o som de nada.
É ver o mundo furta-cor,
é criar uma melodia somente sua.
É o coração disparar,
deixar o verão pra mais tarde,
assistir as folhas caírem no mais belo do outono.
É quando o horizonte é tão mais perto do que antes..
Tão mais alcançável.
É não saber definir o impossível.
É ter uma voz como sua melodia favorita.
É quando os fatos se encaixam na teoria.
É ter um sonho bom,
É guardar consigo lembranças.
É não saber descrever o que é.
É um poema esquecido em uma folha qualquer.
É quando palavras faltam à boca
e nada faz jus a alguma explicação plausível.
É quando o preto é somente preto,
e o branco é apenas branco.
É a simplicidade de ser.
É quando o tudo é contrariável.
E alguém já soube o que é isso?
Algo além de amor?

Monday, February 14, 2011

what would it be?

Another day I said I wouldn't stay. I can't, I can't be friends with you. It just hurts too bad to see you and cannot.. say. How sweet is your laugh, how I drown into your brown eyes.
For several times, there's this emocional roller coaster we've got into, it seemed endless and with no way out. 
Forget about the scene you probably wanted to see most. I've already done the crying, I've already done the hurting. As I said, I've done it, and I'm done with it. Well, lying that it has, isn't done.
He claims about how much he cares about me, how different and special and important I am. He's sorry not to use the same words I do, he's sorry not to feel the same way as I do. He says there's nothing better than talking to me. 
Times had changed. There's no hope, there's no being friends, there's nothing more left.
I miss his unique voice, and the way his hand would mess with my hair. I'd give the world to see that smile under clear morning. There has to be an end.
That just can't be love. 
I can't. There are still scars left to heal.

Friday, February 11, 2011

epidótea

Chega uma hora do dia em que o cansaço chega. A cafeína já não nos mantém acordados, a noite já não contrasta com o dia, as horas passam como segundos. Chega uma hora apenas em que nada importa. A hora em que se acorda,  a hora que se vai dormir, a hora do café-da-manhã ou do jantar.
Não importa o que aconteceu ontem, a gente só enterra e mantém silêncio enquanto a memória trata de esquecer.
Aquilo que era tão urgente, tão indispensável, perde a relevância quando se olha adiante.
Chega uma hora em que sinceridade não é tão importante quanto a honestidade. Chega uma hora em que os olhos não se fecham, as palavras são o refúgio mais seguro.
E o que salva um dia desses é apenas o riso de um amigo a acalentar o vazio que se expande com o tempo.. O tempo que passa por entre os dedos, que se escapa com a esperança do olhar de criança.
Mas às vezes é só a companhia da solidão. Às vezes é o silêncio que mais orienta o pensamento. Às vezes é apenas o latejar daquela velha cicatriz, que pulsa no passado.
Às vezes, coloco a mão do lado esquerdo do peito, para ver se ainda há algo que vive ali.

Saturday, February 5, 2011

deixe assim como está, sereno

Alto do sétimo andar, uma boneca de porcelana caíra. Parecia até que poderia voar.. dentro da luz que a manhã desperdiçava.

Lembrava-se dela caindo, o som era de louça quebrada. Os cacos achavam-se espalhados pela rua.
Alguns correram para ver.. enquanto uns tapavam os olhos com a mão, outros apontavam a cena sem muito entender. Corações batiam acelerados.
Olhavam incrédulos com lágrimas rente aos olhos. Murmuravam sobre o fim de uma história antes contada. Apertavam os olhos, esperando uma ilusão.
Lá, tão frágil, a boneca deitava.. tendo um sonho bom, e eterno.
E não importava o quanto eles quisessem acordar, o quanto queriam esquecer, nem sequer o quanto fugissem, eles carregariam o rosto dela na memória.
Ela tinha os olhos presos ao céu.