Friday, February 11, 2011

epidótea

Chega uma hora do dia em que o cansaço chega. A cafeína já não nos mantém acordados, a noite já não contrasta com o dia, as horas passam como segundos. Chega uma hora apenas em que nada importa. A hora em que se acorda,  a hora que se vai dormir, a hora do café-da-manhã ou do jantar.
Não importa o que aconteceu ontem, a gente só enterra e mantém silêncio enquanto a memória trata de esquecer.
Aquilo que era tão urgente, tão indispensável, perde a relevância quando se olha adiante.
Chega uma hora em que sinceridade não é tão importante quanto a honestidade. Chega uma hora em que os olhos não se fecham, as palavras são o refúgio mais seguro.
E o que salva um dia desses é apenas o riso de um amigo a acalentar o vazio que se expande com o tempo.. O tempo que passa por entre os dedos, que se escapa com a esperança do olhar de criança.
Mas às vezes é só a companhia da solidão. Às vezes é o silêncio que mais orienta o pensamento. Às vezes é apenas o latejar daquela velha cicatriz, que pulsa no passado.
Às vezes, coloco a mão do lado esquerdo do peito, para ver se ainda há algo que vive ali.

No comments:

Post a Comment