Sunday, May 16, 2010

hard to live in the city

No frio da cidade, o rosto de todos se cobrem. A brisa se transforma em vento. A poesia torna-se mito. Tudo o que diz ser verdade, é desconfiança. Os olhos atentos de todos observando o movimento que se forma. Multidões. Aglomerados de pessoas.
As luzes transparecem o que ninguém deixa mostrar. Em uns, lê-se medo nos olhos. Há desconfiança no passo de cada um. Em grupos de amigos a sorrir, esbanja-se felicidade. Famílias; pais e seus pequenos filhos transmitem entre si o carinho, a fórmula mais aconchegante para esquecer o frio que os abranje. Irmãs trocam palavras apenas com um olhar e assim se entendem nitidamente.
Casais novos, com suas mãos entrelaçadas. Conversam sobre o futuro próximo que os espera.
Reecontros, abraços bem-vindos e com saudade. Abraços onde cada um dos dois procura a pessoa que a outra conheceu há tanto tempo atrás.
Crianças a correr, e gritar ao mundo seu ponto de vista. Dizer ao mundo a sua honestidade, mandar aos céus sua inocência.
Pai e filha a caminhar de mãos dadas. Conversam sobre o tempo, sobre o amanhã, e sobre o que passam no momento. Espantam o frio com um abraço. Transmitem seu amor incondicional por olhares. Vão até aquele pequeno carrinho de cachorro-quente. Um para cada. Exatamente iguais. Discutem seu ponto de vista até o momento em que os dois enxergam motivo para acabar a discução. Encontram as sinceras desculpas nos olhos de cada um, já que ambos não escondem o orgulho ao pedir perdão. Os dois se completam pelo que são e pelo que aparentam ser.
E uma garota morena e cabelos claros, presos e o pescoço enrolado em um cachecol de listras grossas cinza claro e escuro.
Ela escreve, e reflete algumas vezes. Para a escrita, apaga. Reescreve. Aparenta estar com frio, por suas mãos estarem muito brancas, apesar dos casacos. Ela parece pensar na vida. Ela percebe então, tudo ao seu lado. Observa as pessoas, espreita dentro das suas histórias. Desvia o olhar ao encontrar os olhos de outrem. Suspeita de quem a observa, desejando ali ser imperceptível. Não desviou o olhar a ninguém que a enfrentava por pensamento. Possui confiança dentro dos seus olhos meigos. Para de escrever novamente, repetindo isso várias vezes. Toma um gole do seu café preto. Ela olha então tudo a sua volta. Esquenta suas mãos novamente. Então ela vira seus olhos ao seu caderno e escreve. Dessa vez, escreve compulsivamente. Gostaria eu de saber qual foi a imagem que a inspirou a terminar esse texto. Gostaria de lê-lo e relê-lo inúmeras vezes. Saber de quem se fala, por quê ela escolhera escrever sobre tal. Gostaria de ler ao menos a sua última sentença. Levanta seus olhos e examina pela última vez toda e cada pessoa, seus movimentos e características, abaixa a cabeça e dá um pequeno sorriso pelo canto da boca.
Ela enfim levanta daquele banco pequeno que abranje o centro da fria cidade, e sai andando com a cabeça levantada, provavelmente cheia de pensamentos aleatórios.

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