Thursday, May 22, 2014

exosfera

as olheiras formam uma órbita profunda
em torno de meus olhos inexpressivos
à medida que aumenta em progressão geométrica
a quantidade de livros sobre a mesa

feições demonstrando exaustão
quase derrotadas, lutando para que a
gravidade que lhes acelera ao chão
aja mais leve e piedosamente
sobre um rosto tão jovem

e marcado pelas tristezas
que abrigam o amplo peito que
abalado pelo desgaste de um ano cão,
se desfaz em migalhas
durante meses a fio

estou só
enclausturada em pensamentos, só
e somente dentro desta cabeça minha, só
é impossível ser

a felicidade amarrada a uma bolsa de papel
atirada à sorte do acaso no qual
não acredito que exista, seja não
pura coincidência se decidir retornar

a gente muda e não volta
a ser quem era, um dia
quem sabe mudanças sejam boas,
quem sabe, se são apenas necessárias




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