Monday, October 11, 2010

say it ain't so

Diga, por favor, diga. Diga algo. E não importa agora se sentido faz ou deixa de fazer. Nada faz sentido. Não entendo. Não compreendo. Também nem quero.
Diga que não é do jeito que as aparências denunciam ser. Diga que meus olhos vêem o que não há. Diga que a verdade ali não é o que parece. Diga para eu não fazer nada, que me precipito com qualquer possível ânsia de julgamento da verdade. Venha até mim com seus olhos lacrimejantes. Venha tão perto para eu sentir as batidas descompassadas do seu coração. Sua respiração ofegante. Venha até mim e segure-me fortemente. Não deixe-me ir. Não olhe em meus olhos. Não quero ter que encarar de tão perto sua profundidade. Não quero afogar-me nas suas lágrimas, ainda presas. Segure-me com suas palavras, desespere-me de indecisão, busque em mim compaixão.
Diga que o que penso está errado, que faço o que não se deve. Diga que você não está ali. Diga que não é alguém, aquela ali. DIga que não há ninguém aqui. Diga que estou cega, que engano-me. Diga que está tudo errado. Diga que nada passa de um pesadelo, que é hora de acordar. Belisque a minha pele, por favor, a machuque, faça-a sangrar, mas faça-me acordar. Faça-me acordar.. Não deixe-me ir.
Não fique aí. Eu vou fugir. Eu irei.
O que os olhos não vêem o coração não sente. Pois mal sabia eu que o que se vê dói tão mais do que apenas pensar. Tão mais que cogitar. E não se pode deixar de ver. Foi visto, e dolorosamente entendido. Foi chorado ao fim.
Agora vou, com seu cheiro de jasmin em mim, sem nada para pensar além do final. E lembrar da última imagem. Você lá. Parado. Sem nada fazer. Você não fez nada, não fez questão de tirar o que estava em mim. Não buscou compaixão. Você não disse. Você não disse.. nada disse.

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