Wednesday, August 4, 2010

heart in a cage

Não quero achar alguém que tenha o sorriso tão simples, majestoso, vibrante como o teu. Não quero encontrar olhos que fiquem a me observar como tu ficavas. Não quero olhar ao meu redor e sentir teu perfume a clarear minha manhã. Não quero lembrar da tua essência. Não quero mais ouvir aquela melodia. É, aquela melodia da nossa música.
Não quero mais fingir felicidade quando ao virar-me de costas, afogo-me em lágrimas.
Não quero mais afogar-me em lágrimas.
Não quero sentir-me só.
Não quero mais viver no escuro, obscuro.
Não quero mais coração, não quero mais sentimento. Não quero mais pulsação acelerada.
Não quero mais olhares indiscretos, viver à sombra de um protagonista. Não quero mais ser a melhor amiga boazinha.
Não preciso do principal papel, não preciso dos holofotes a anunciar minha presença. Só preciso do meu lugar marcado e selado.
Não quero, e não vou, viver à mercê da escolha de ninguém.
Não quero mais saber dos teus clichês.
Não quero mais ouvir falar de ti, do teu passado e futuro. Teu presente em todos os momentos será desconhecido.
Não quero mais a tua presença a arruinar o espetáculo.
Não te quero a esperar-me do lado de fora do teatro. Jogue fora as tuas flores, teu clichê buquet de rosas vermelhas.
Quero jasmins a perfurmar a minha sala.
Não quero mais teu cinismo a amargurar tão doce que costumava minha vida ser.
Não quero mais perder de vista meu caminho tão certo por ir pelo atalho, seguindo rastros do seu cheiro. Deslumbro-me com tamanha ironia.
Não quero mais sentir ciúme ao avistar teu olhar, teu provocar de longe.
Não quero mais saber de teu interesse, que é sinônimo de traição. Muito menos interessa a tua próxima vítima. Por ela sinto pena imensurável.
Não quero mais ouvir tuas mentiras banais. Aquelas que por ti são tão fáceis de serem ditas.
Não pertences ao meu sonhar.
Não mentirei.. Ao apagar a luz encontro seu retrato e coloco-me logo abaixo da lua. E a lua, lugar onde em teus braços senti-me tão segura, faz a lembrança reviver, faz teu abraço insistir a me envolver.
O resto é silêncio.
Não quero o duvidoso fazendo a esperança reacender. Quero o indubitável.
Não quero mais ver tua mascará cintilar embaixo da chuva de inverno, que expulsa de mim tudo o que há de se dizer. Sem dizer nada.
Quero tua presença longe de mim. Quero um dia de paz.
Não quero mais. Não quero mais viver a te esquecer.

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