just wanna play my music all night long

O melhor de estar entre uma multidão é ver a quantidade de olhos espalhados nela. Há de todos os tipos imagináveis. Há os grandes, só vidrados em pessoas desejáveis. Há os singelos, que não procuram nada mais do que esperança. Há alguns desesperados por paixão, com o fogo a arder sob as suas pálpebras. Há olhos cheios de vida, que não precisam nem de razão para viver, pois só isso parece suficiente. Tem aqueles tristes, que apenas buscam ombros para se consolar. Há olhos familiares, que nunca foram vistos antes, mas que os meus se identificam, parecem conhecer. Há olhos de sabedoria, perpicazes, cuidadosos, sempre a medir cada olhar. Olhos que em cada olhar parece lembrar de alguma situação pla qual já esteve, e dá um mero meigo sorriso tentando disfarçar uma gargalhada interna. Olhos que desviam de todos os olhares, de medo; assutados por talvez ser o centro da atenção de outrem. Olhos vidrados nos de outros, querendo atenção de alguma forma. Mas enfim, todos eles de alguma forma estavam esperando. Esperando apenas pela música que ia tocar, pela esperança das palavras a te consolar, a concordar com você, a te deixar muito feliz, a te deixar totalmente deprimido. E olhos desconfiados, que julgam a cada lance, olham e reparam nos mínimos detalhes. Detalhes inventados ou não, ele faz seu próprio juízo do jeito que quer. Olhos lacrimejantes, olhos felizes. Olhos apaixonados, eufóricos, brilhantes. Olhos confiantes, sempre à espreita de tudo, mas sempre meigos a cada instante. Olhares anônimos, conhecidos, incoerentes. Nao se percebe todos, não se escolhe todos. Mas todos queriam encontrar paz no brilho do olho de alguém confiável. Encontrar a paz que simplesmente decidiu não aparecer mais, se esconder onde talvez ninguém possa achá-la. Mas talvez a música e os olhares trouxessem apenas algo parecido com ela, desse uma sensação de paz. Mas inconfundível essa paz há de ser, no som da música a esvoaçar pelo vento. Mas isso é hoje. Só hoje.