Eu contava tempo. Achava distração em um ou outro quebra-cabeça. Eu era rosa. Eu era uma rosa. Pétalas rosas de rosa feita de papel envolviam-se em uma fantasia. Tinha também meus próprios espinhos.
Estava lá à espera, junto ao cabelo de anjo adormecido. Olhos repletos de euforia controlada pelas quatro paredes ao meu redor. Pela janela, o mundo de fora era alegre.
Algo pegou-me pela mão e saí a correr. Fui posta a correr. Não sei bem por quê. Saí pelo mundo correndo, correndo. Atônita. Perplexa. Desacreditada. A correr. Atravessei os confetes e gritos de carnaval. As serpentinas caíam sobre meus olhos e enroscavam-se em meu cabelo.
Eu perdia minhas pétalas a medida que passava pela multidão. A fantasia dissolvia-se, a máscara caía. E não era mais rosa.
A alegria dos outros espantava-me.
A rosa acabou. Foi-se com sua doçura e seus espinhos.
Foi-se a chance de não ser. A máscara está perdida.
E eu corria. Corria para fugir da alegria estagnada atrás de mim. Todo carnaval tem seu fim.
(lá por 2003, 2004, talvez.)
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