Deixa desaguar as tristezas
do tempo lá de trás
que aqui parado está
o velho costume de ver o mar
Dois barcos se vão
e eu aqui por mim
quase emoldurando o quadro da solidão
Com a vista no horizonte
que areia alguma há de alcançar
Cai o tempo como um porto
Evapora esperança do renovar
quando de águas passadas renasce
aquele que havia ido pra não mais voltar.
Caio, com a chuva, no mar
numa tentativa em vão
apenas para purificar
e deixar mergulhar no profundo
a tranquilidade desse lugar
O pôr-do-sol deixa a água amarelada
com os dois barcos a dançar
Tão lindo é o som da primavera
como, daqui, vejo o mar.